sexta-feira, setembro 5, 2025
Manchete

Zema ataca Nordeste e governadores da região reagem, em conjunto, a “insulto e xenofobia”

O Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste) divulgou nesta sexta-feira (29) uma nota pública em que governadoras e governadores da região rebatem declarações recentes do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), considerando-as “um insulto”. O documento aponta racismo e xenofobia do governador mineiro.

Zema disse que cidades e estados do Nordeste recebem “ajuda eterna” do governo federal e que é preciso dar prazo para cessar esse apoio, mas a nota apresenta dados que desmontam, segundo os gestores, a “narrativa falaciosa” de Zema. E ainda faz um resgate histórico para afirmar que o Estado brasileiro privilegiou de forma contínua o eixo Sudeste-Sul desde o período colonial, com concentração de infraestrutura, crédito e investimentos industriais, enquanto o Nordeste enfrentou migrações forçadas, seca e desestruturação agrária.

Os dados apresentados para desmontar o discurso xenofóbico de Zema, entre outros, são:

  • Em 2024, o BNDES desembolsou R$ 133,7 bilhões, sendo 73% destinados ao Sul e ao Sudeste. Minas Gerais, sozinho, recebeu R$ 12,7 bilhões, ocupando a quarta posição entre os mais beneficiados. O Nordeste, por sua vez, ficou com R$ 13,3 bilhões.
  • Em relação aos chamados Gastos Tributários federais, a previsão para 2025 é de renúncia de R$ 536,4 bilhões. Desse total, R$ 256,2 bilhões devem se concentrar no Sudeste e R$ 89,3 bilhões no Sul, enquanto o Nordeste receberá R$ 79,3 bilhões. Em termos proporcionais, a nota destaca que Norte (75,6%) e Nordeste (37,2%) são as regiões que mais dependem desses mecanismos, reforçando o papel redistributivo previsto na Constituição.
  • Apenas nas últimas décadas, com a expansão do sistema universitário federal e do investimento em pesquisa, a juventude nordestina começou a colher os frutos de uma presença mais consistente do Estado nacional, alcançando projeções positivas em ciência, cultura e economia.

    “O que está em jogo é a própria compreensão de desenvolvimento. Historicamente, setores do Sudeste resistem a discutir mecanismos de desenvolvimento regional, tratando-os como concessões indevidas. Mas não se trata de concessão: trata-se de justiça histórica e de cumprimento da Constituição, que reconhece a obrigação do Estado de corrigir desigualdades estruturais entre regiões”.

 

Da redação

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