A máfia brasileira
Eduardo Bolsonaro não tem o menor pudor de externar que está trabalhando para impedir a redução do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros. A máscara de patriota caiu, expondo a verdadeira face de quem trabalha contra o Brasil só por ter na presidência um adversário político. Pouco se importa com o estrago que está causando até a quem apoia a direita brasileira. Vide o caso Trump x Elon Musk. É que, quando o desvario ataca o bolso, as questões ideológicas vão para o segundo plano. E aí o bolsonarismo desse pessoal atingido vai se arrefecendo. Porque a vida real os incomoda.
Para Eduardo, os interesses maiores da Nação pouco importam, desde que sua família saia livre da enrascada em que se meteu. Tudo o que ele faz é em benefício da família. O povo brasileiro e até aliados políticos, alguns constrangidos, inclusive, que se explodam. Os Bolsonaros cobram desses um valor altíssimo.
Eduardo faz de tudo para impedir qualquer avanço nas negociações. Isso só deixa transparente que a historinha da liberação do passaporte do ex-presidente para que ele pudesse negociar, junto ao Trump, o fim das tarifas era pura balela. Conversa para boi dormir. A liberação, que foi pedida pelo governador de São Paulo, era para facilitar a fuga de Jair, mesmo. E, afinal, quem é Bolsonaro, hoje, para se destacar como negociador do Brasil? Parece até piada. Parece, não. É.
As coisas são tão claras, tão nítidas, que não consigo entender o apoio cego de muitos a essa família. Que patriota trabalharia para prejudicar as exportações brasileiras? E o que gente de classe média ganha com isso? Que benefícios tem o trabalhador com uma economia cambaleante?
No dia 7 de julho, até o Estadão rendeu-se ao óbvio. Em editorial, disse que as ações do presidente norte-americano “é coisa de mafiosos”. E quem, em sã consciência cívica, apoia mafiosos?
Quer ser de direita radical? Seja, mas não abdique da inteligência. Mas, suponho que as duas coisas sejam inconciliáveis no Brasil atual.
Dia desses, Eduardo enfureceu-se com a delegação de senadores brasileiros nos Estados Unidos. Os senadores buscam diálogo com parlamentares republicanos e democratas, além de representantes do setor privado e câmaras de comércio brasileira e americana. Mas Eduardo decreta “insucesso” da missão e deixa bem claro, sem qualquer constrangimento, que fará de tudo para impedir avanços.
Isso é patriotismo? Ou ação mafiosa?
O jornalista Hélio Schwartsman, da Folha de S. Paulo, foi cirúrgico num comentário sobre as estrepolias antidemocráticas do filho do ex-presidente que usa tornozeleira eletrônica: “A opção de Eduardo de colocar papai acima de todos, incluindo o Brasil, é priorizar a lógica tribal, que prevalece em sociedades pré-iluministas e em máfias”.
De novo, a máfia.