quinta-feira, novembro 13, 2025
Gerais

Número de mortos pode ultrapassar 100 na megaoperação policial no Rio de Janeiro

O número de mortos na operação policial realizada nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, pode ser muito maior do que o divulgado oficialmente. Um dia após a ação — considerada a mais letal já registrada no estado — relatos de moradores indicam que o total de vítimas pode ultrapassar 100 pessoas.

Durante a madrugada desta quarta-feira (29), moradores levaram ao menos 40 corpos à Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, próximo à Serra da Misericórdia. Na noite anterior, o governo estadual havia divulgado um balanço com 64 mortos, sendo 60 suspeitos e quatro policiais. Ainda não se sabe se os novos corpos encontrados fazem parte dessa contagem.

Corpos em área de mata e denúncias de moradores
Os corpos foram encontrados em uma área de mata na região conhecida como Vacaria, palco dos confrontos entre as forças de segurança e integrantes do Comando Vermelho. Moradores afirmam que ainda há vítimas não resgatadas no alto do morro.

O secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, afirmou que tomou conhecimento da presença dos corpos na praça e que o caso está sendo investigado.

Durante a madrugada, seis corpos foram transportados em uma Kombi até o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. O ativista Raull Santiago, que participou da remoção das vítimas, relatou ao G1 que “em 36 anos de favela, passando por várias operações e chacinas, nunca vi nada parecido”. Segundo ele, o transporte foi feito para permitir que as famílias reconhecessem os corpos.

Operação de grande porte e cenário de guerra
Deflagrada na terça-feira (28), a operação tinha como alvo integrantes do Comando Vermelho escondidos nas comunidades da Penha e do Alemão. Mais de 2,5 mil policiais e promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) participaram da ação, que resultou em 81 prisões e na apreensão de 42 fuzis.

A operação transformou a cidade em um cenário de guerra. Durante todo o dia, criminosos reagiram com ataques e incendiaram ônibus em diversos pontos do Rio. Segundo a Rio Ônibus, 71 veículos foram tomados e 204 linhas ficaram paralisadas.

Caos e retaliações
A terça-feira foi marcada por bloqueios em vias importantes, como as linhas Amarela e Vermelha, a Avenida Brasil e as rodovias BR-101 e BR-040. A última via liberada foi a Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá, no sentido Jacarepaguá, por volta das 2h45 da madrugada desta quarta-feira.

Pouco antes das 6h, o prefeito Eduardo Paes anunciou a volta da cidade ao “Estágio 1”, de normalidade operacional. “Estamos voltando a cidade pro Estágio 1. Modais operando normalmente, cidade fluindo com normalidade. Permanecemos atentos”, escreveu nas redes sociais.

Mesmo com a retomada do transporte e a presença reforçada das forças de segurança, o clima nas comunidades segue de medo, tensão e desconfiança, enquanto familiares ainda buscam desaparecidos.

Com informações de G1 e agências.

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