segunda-feira, dezembro 22, 2025
ColunaGisa Veiga

Notícias como elas são

Sento-me à frente do computador para checar as primeiras informações de ontem, terça-feira, e o que vejo? “O desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto, do TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região), foi preso pela Polícia Federal na 2ª fase da Operação Unha e Carne, que investiga a atuação de agentes públicos no vazamento de informações sigilosas”.

Macário era simplesmente o relator do processo contra o ex-deputado do Rio de Janeiro Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, preso sob suspeita de ligação com o Comando Vermelho., e que integrava a base aliada do governador Cláudio Castro (PL) e de Rodrigo Bacellar, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro que foi preso — e depois solto por ato da própria e também suspeita Alerj — por suspeita de envolvimento em possível vazamento da operação contra o TH.

E o Congresso Nacional ainda faz de tudo para reduzir o poder investigador da Polícia Federal contra figuras públicas proeminentes. Com que intenção? A Câmara dos Deputados ainda aprova o controverso PL da Dosimetria, que acaba contradizendo o PL Antifacção e pode beneficiar líderes do PCC e CV. Não é o máximo? E há deputados, com apoio de parte da imprensa brasileira, que ficam irritados quando outros dizem que esse Congresso é inimigo do povo (ontem, o Estadão fez até editorial combatendo as críticas).

Enfim, a notícia da prisão de Macário é alvissareira, para quem torce contra a bandidagem que parece estar em todo lugar, inclusive nos poderes constituídos. Achei que eu tinha começado bem o dia.

Mas, nem tudo são flores no noticiário. Também leio sobre a decisão do arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, de proibir o padre Júlio Lancelotti, alvo da extrema direita, e transmitir suas missas ao vivo, além de obrigá-lo a suspender todas as suas atividades em redes sociais. Fica no ar a expectativa de retirá-lo da paróquia de São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, onde ele atua há mais de 40 anos.

Lancelotti, como a maioria dos meus parcos leitores devem saber, tem dedicado sua vida a proteger a população de rua de São Paulo e não poupa os poderosos de plantão quando enxerga más intenções. Por isso mesmo, é alvo comum da direita, em especial do histriônico Movimento Brasil Livre (MBL). A partir daí, começo a considerar que o dia não começa tão bem e temo pelo correr das horas.

Leio que a mais recente investida contra o combativo padre veio do deputado federal Junio Amaral (PL-MG), que levou um abaixo-assinado com mais de mil assinaturas, segundo postou em vídeo, à Embaixada do Vaticano pedindo o afastamento do padre de suas atividades religiosas. Está incomodado, deputado? Então é porque certamente o sr. andou trabalhando contra o povo.

E, claro, como sói acontecer, o noticiário do dia também traz feminicídio. Diz a matéria que o empresário Alison de Araújo Mesquita, de 43 anos, confessou à Polícia Civil na noite de segunda-feira, ter matado a namorada, Henay Rosa Gonçalves Amorim, de 31 anos, e forjado um acidente de carro para acobertar o crime ocorrido no último domingo.

É a vida como ela é. Com algumas boas notícias, e muitas, péssimas.

 

Gisa Veiga

 

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