STF põe Bolsonaro e ex-cúpula sob holofotes: a hora da verdade chegou
Por Redação
O Supremo Tribunal Federal se prepara para uma semana histórica. A partir de 9 de junho, uma sequência de interrogatórios colocará Jair Bolsonaro e parte de sua antiga cúpula diretamente diante das acusações mais graves enfrentadas por um ex-presidente desde a redemocratização: a de tentar subverter a ordem democrática com um golpe de Estado.
Os depoimentos presenciais, determinados pelo ministro Alexandre de Moraes, simbolizam mais do que uma etapa formal do processo. Representam a transição de uma fase de investigação para o embate direto com os supostos protagonistas da trama. Estarão frente a frente com a Justiça nomes que até pouco tempo ocupavam o núcleo mais poderoso do Planalto. A lista inclui generais, ex-ministros, chefes de inteligência e o próprio ex-presidente da República.
A audiência começa com Mauro Cid, figura-chave em diversos escândalos — das joias sauditas ao falso certificado de vacinação — e agora delator no inquérito. Sua fala pode abrir a trilha para revelações ainda mais contundentes sobre o que, até aqui, é tratado como tentativa de ruptura institucional.
O STF já ouviu mais de 50 testemunhas. Mas o peso político, jurídico e simbólico desses próximos depoimentos não tem precedentes recentes. A estratégia dos acusados poderá ser o silêncio — um direito garantido, mas que também comunica muito. Silenciar diante de perguntas-chave, em um caso dessa magnitude, pode soar como confissão indireta ou, no mínimo, como recuo.
É preciso lembrar: não se trata apenas de avaliar se houve um plano de golpe. Trata-se de confrontar uma elite política e militar que, em pleno século XXI, cogitou — segundo as investigações — rasgar a Constituição para manter o poder. Os interrogatórios no STF têm, portanto, o peso de um acerto de contas institucional.
Ao abrir as portas da 1ª Turma para esses depoimentos, o Supremo reafirma seu papel de guardião da democracia. Agora, o país assiste — atento — ao desenrolar de uma trama que, por pouco, não empurrou o Brasil para um abismo autoritário.
A história está sendo escrita. E o Judiciário, neste momento, segura a caneta.