sexta-feira, novembro 14, 2025
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Milei surpreende com vitória contundente nas legislativas e amplia poder político na Argentina

O presidente Javier Milei obteve uma vitória expressiva e inesperada nas eleições legislativas realizadas neste domingo (24) na Argentina. Com 40,7% dos votos, o partido A Liberdade Avança (LLA) superou o peronismo, que somou 31,7%, consolidando uma virada política e fortalecendo o governo ultraliberal após quase dois anos de reformas econômicas duras.

O resultado foi comemorado como um “ponto de virada” pelo próprio Milei, que celebrou o desempenho de sua legenda como prova de apoio popular às medidas de austeridade e privatizações que vêm sendo implementadas desde o início de seu mandato.

“Hoje passamos o ponto de virada. Hoje começa a construção da Argentina grande”, declarou o presidente, em um discurso mais moderado que o habitual, pedindo diálogo com governadores e forças políticas opositoras.

Trump parabeniza e reforça aliança

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, parabenizou Milei pela vitória em publicação na rede Truth Social.

“Parabéns ao presidente Javier Milei por sua vitória esmagadora na Argentina. Está fazendo um trabalho excelente! Nossa confiança nele foi justificada pelo povo argentino”, escreveu.

O apoio de Trump é visto como estratégico para Milei, que recentemente solicitou ajuda financeira a Washington para estabilizar o peso argentino e conter a pressão cambial. O republicano teria condicionado um eventual resgate de US$ 40 bilhões ao sucesso político do aliado.

Consolidação no Congresso

Com o novo resultado, o governo passará a contar, a partir de 10 de dezembro, com 101 deputados (antes eram 37) e 20 senadores (antes 6) — números que garantem um terço da Câmara, suficiente para bloquear eventuais vetos presidenciais.

No Senado, porém, Milei ainda dependerá de alianças políticas para aprovar reformas estruturais, como a desregulamentação do mercado trabalhista e o programa de privatizações, pilares de sua agenda econômica.

Segundo o cientista político Sergio Berensztein, o resultado representa uma ratificação do rumo ultraliberal.

“É um voto de confiança em Milei num momento crítico. Agora, ele precisará mostrar capacidade de diálogo e pragmatismo político”, afirmou à AFP.

Crises e desafios

Apesar do alívio político, Milei enfrenta desafios econômicos e sociais intensos. O governo conseguiu reduzir a inflação anual de 211% em 2023 para 31,8% em setembro de 2025, mas o desemprego e a queda do poder de compra continuam a afetar amplas parcelas da população.

Além disso, sua administração tem sido marcada por escândalos de corrupção envolvendo assessores próximos, inclusive sua irmã e secretária, Karina Milei, e por conflitos internos dentro do próprio partido.

Peronismo tenta reagir

O governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof (peronista), admitiu a derrota, mas afirmou que o resultado não representa um cheque em branco ao governo.

“Milei se equivoca se comemora este resultado, onde 6 em cada 10 argentinos disseram que não concordam com o modelo que propõe”, escreveu em sua conta no X (antigo Twitter).

Já na porta da casa da ex-presidente Cristina Kirchner, em prisão domiciliar por corrupção, centenas de militantes peronistas protestaram contra o avanço do governo ultraliberal.

A vitória de Milei nas legislativas marca uma nova fase de consolidação política do governo argentino — e reforça sua aliança ideológica com Trump e outros líderes da extrema direita global.
Com maioria ampliada, Milei ganha fôlego para aprofundar seu programa de choque econômico — agora com um respaldo popular mais robusto, mas também sob a expectativa de resultados concretos que aliviem a crise social do país.

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