quinta-feira, junho 12, 2025
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Bolsonaro mente no STF ao justificar medidas contra a imprensa no governo federal, diz matéria da Folha

A Folha de S. Paulo, que se diz um jornal perseguido pelo governo anterior, publicou em seu Portal, nesta terça-feira, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mentiu no STF (Supremo Tribunal Federal) ao justificar medidas que tomou contra a imprensa nos quatro anos de seu mandato (2019-2022). Em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro disse que as iniciativas não tiveram como objetivo minar os veículos de imprensa, mas buscar uma economia de gastos dentro do Orçamento.

“O senhor [Moraes] não imagina o que é trabalhar de domingo a domingo (…) e sendo massacrado o tempo todo por grande parte da nossa mídia. Porque não é que eu cortei a propaganda por maldade. É que eu tinha teto de gastos”, disse o presidente.

“Eu não quero ler a Folha mais. E ponto final. E nenhum ministro meu. Recomendo a todo Brasil aqui que não compre o jornal Folha de S.Paulo“, disse Bolsonaro.

Dias depois, em uma live, o presidente disse que os anunciantes do jornal deveriam “prestar atenção”. “Não vamos mais gastar dinheiro com esse tipo de jornal. E quem anuncia na Folha de S.Paulo presta atenção, está certo?”

Na ocasião, a Folha respondeu em nota. “A Folha lamenta mais uma atitude abertamente discriminatória do presidente da República contra o jornal e vai seguir fazendo, em relação a seu governo, o jornalismo crítico e apartidário que a caracteriza e que praticou em relação a todos os governos.”

Como presidente, ele chegou a afirmar que o correto seria “tirar de circulação” veículos como a Folha, O Globo, O Estado de S. Paulo e o site O Antagonista.

Em seu governo, a portaria do Alvorada, a residência oficial da Presidência, transformou-se um ponto de peregrinação de apoiadores e de ataques à imprensa. Os xingamentos partiam do próprio presidente e eram reverberados por seus simpatizantes.

A hostilidade cresceu, e alguns veículos de imprensa adotaram uma medida drástica. Folha, TV Globo e outros abandonaram a cobertura diária em frente ao palácio.

Os ataques a jornalistas no Brasil cresceram ano a ano sob Bolsonaro. Segundo a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), o crescimento no ano eleitoral de 2022 foi de 23% em relação a 2021.

Bolsonaro não apenas atacou a imprensa com xingamentos, mas usou a máquina federal para ações concretas nesse sentido.

No primeiro ano de seu governo, por exemplo, editou uma medida provisória para retaliar os jornais. A MP dava permissão a empresas de capital aberto para publicar seus balanços apenas no site da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) ou do Diário Oficial, em vez de veículos impressos.

Anúncios e balanços pagos eram uma importante fonte de receita dos jornais, estando aí a motivação da canetada do presidente.

O objetivo era o de ferir a imprensa, como ele mesmo admitiu. “Para ajudar a imprensa de papel”, disse em tom irônico diante de empresários do setor automotivo, que riram de sua declaração.

“Eu espero que o Valor Econômico sobreviva à medida provisória de ontem”, afirmou, sem disfarçar a satisfação. “No dia de ontem eu retribuí parte daquilo que a grande mídia me atacou.”

A medida provisória seria depois ignorada de propósito pelo Congresso para que expirasse e perdesse a validade.

 

Fonte: Folha de S. Paulo

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

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