Politica

Solenidade, neste sábado, lembra os 95 anos de morte de João Pessoa

Com ideias à frente do seu tempo e coragem para romper com o poder das oligarquias, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque deixou marcas profundas na política brasileira e no desenvolvimento da Paraíba. Hoje, 26 de julho, quando se completam 95 anos de sua morte, uma solenidade cívica e religiosa celebra a memória de um dos líderes mais emblemáticos da história republicana do país — cuja trajetória foi determinante para a Revolução de 1930 e a ascensão de Getúlio Vargas ao poder.

A programação em homenagem ao ex-presidente tem início na Igreja Nossa Senhora da Misericórdia, no centro histórico da capital paraibana, onde será celebrada uma missa em memória de João Pessoa, assassinado a tiros durante a campanha presidencial de 1930. Em seguida, familiares, autoridades e membros da sociedade civil seguirão para a Praça João Pessoa, onde será realizado o ato cívico diante do monumento em homenagem ao político. A solenidade retorna à praça neste ano devido às reformas no Palácio da Redenção, local que abriga a cripta com os restos mortais do ex-presidente.

As homenagens contarão com a presença de figuras públicas, como o ex-governador e atual secretário-chefe do Governo, Roberto Paulino, representando o governador João Azevêdo, além de representantes do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP) e de familiares do homenageado, como o jornalista Abelardo Jurema Filho e o vereador Fernando Milanez Neto. Este último, sobrinho-bisneto de João Pessoa, falará em nome da família.

O orador oficial da solenidade será o advogado e historiador Jean Patrício, presidente do IHGP, que ressaltou a importância de João Pessoa não apenas como gestor público, mas como pensador de uma nova ordem política para o país. “João Pessoa foi um excelente gestor, promoveu reajustes salariais, modernizou o Fisco, aumentou a arrecadação e realizou importantes obras públicas. Mas, é preciso lembrar sua atuação como formulador de uma plataforma de governo inovadora, com ideias como o voto secreto, o voto feminino, a participação política do proletariado e o estado de bem-estar social. Hoje, tudo isso é comum, mas à época era revolucionário — e João Pessoa teve papel essencial nessa ruptura com o coronelismo e a política do café com leite”, destacou.

Para Abelardo Jurema, sobrinho-neto de João Pessoa, as homenagens deste 26 de julho são mais do que uma lembrança histórica — são um compromisso com os valores que ele representou e uma reflexão sobre o futuro que ainda se constrói a partir de suas ideias. “João Pessoa foi decisivo para a Paraíba e para a política brasileira. O nome da cidade em sua homenagem não é por acaso. Ele foi um grande político, um homem íntegro, um administrador que contrariou os interesses dos antigos coronéis. Seu legado deve ser lembrado sempre e apresentado aos paraibanos e aos pessoenses desde crianças, ainda na escola”, defendeu.

A morte de João Pessoa, em 1930, na Confeitaria Glória, em Recife, após ser alvejado pelo advogado João Dantas, não apenas chocou a sociedade da época, mas acendeu o estopim para a Revolução de 1930, movimento que derrubou o então presidente Washington Luís e impediu a posse de Júlio Prestes. A comoção foi tamanha que a capital paraibana — então chamada Parahyba — teve seu nome alterado em homenagem ao líder morto. A bandeira do Estado também foi modificada, incorporando a palavra “Nego”, em referência à negativa paraibana à política vigente.

 

Museu da Cidade oferece imersão na vida de João Pessoa

Para quem deseja conhecer de forma mais profunda a trajetória de João Pessoa, uma visita ao Museu da Cidade de João Pessoa é uma experiência essencial. Localizado na Praça da Independência, o espaço funciona em um imponente casarão que já foi residência oficial do então presidente da Paraíba e foi restaurado com recursos do Governo do Estado. Desde 2021, o museu oferece uma verdadeira viagem no tempo por meio de um acervo histórico cuidadosamente curado e apresentado com recursos tecnológicos que tornam a experiência ainda mais interativa.

O casarão foi todo projetado para que se pudesse apreciar a vista da Praça da Independência. O lugar em si é uma verdadeira imersão ao passado de João Pessoa. O acervo permanente inclui móveis originais da família, como o bureau de trabalho do político e até a mesa na qual ele foi assassinado no Café Glória. Há ainda objetos pessoais, fotografias, obras de arte, livros e documentos que contextualizam a vida do ex-governador e o ambiente sociocultural da época. 

O Museu da Cidade de João Pessoa está aberto ao público de terça a domingo, das 9h às 16h30, com entrada gratuita. Para grupos com até dez pessoas, não é necessário agendamento. Grupos maiores podem agendar a visita pelo telefone (83) 99198-4612 ou pelo Instagram @museudacidade.jpa. O espaço também recebe grupos com guias turísticos sem necessidade de agendamento prévio.

 

Texto de Lílian Viana para o Jornal A União deste sábado, 26/7

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