Politica

Gleisi defende Hugo Motta de críticas de ministros de Lula

Há ministros que enxergam fraqueza na liderança de Motta, que não entregaria os votos combinados em acordos feitos com o próprio presidente Lula (PT). Segundo dizem, basta receber “um calor” de líderes do Congresso que ele recua de acordos já feitos com o governo.

Gleisi diz que discorda.

“O relacionamento do presidente Hugo Motta com o governo do presidente Lula tem se caracterizado por responsabilidade e firmeza nos encaminhamentos acordados em comum”, diz.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, também defende Motta.

“Essa leitura [de que ele tem liderança fraca e não consegue cumprir acordos] é totalmente equivocada. Hugo Motta tem sido uma peça fundamental para ajudar na aprovação de projetos prioritários. Ele não tem faltado ao governo”, diz Lindbergh.

Outros ministros que se envolveram em negociações com Motta dizem que, ao contrário de Arthur Lira (PP-AL), que era duro, mas cumpria acordos e conseguia liderar os deputados, Motta não consegue entregar o que prometeu.

O maior exemplo citado é o da reunião do domingo (8) entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, Motta e líderes partidários para discutir alternativas à alta do IOF proposta pelo governo.

Em entrevista coletiva depois do encontro, Hugo Motta definiu a reunião como “histórica”, e endossou medidas apresentadas pelo governo. Entre os anúncios feitos naquela noite a cobrança de Imposto de Renda (alíquota de 5%) sobre títulos hoje isentos, como Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA).

Foi anunciado também que a taxação das apostas esportivas (bets) subiria de 12% para 18%.Dias depois, ele afirmou que as medidas propostas pelo governo deveriam ter uma reação “muito ruim” no Congresso e entre empresários.

Em reunião com empresários na sexta (13), Haddad não criticou Motta. Mas elogiou o ex-presidente da Câmara Arthur Lira.

“Na gestão do presidente Arthur Lira (PP-AL), ele disse antes da minha posse, ainda na PEC da Transição, ele falou: ‘Haddad, eu não vou misturar as nossas brigas com o governo com a questão econômica. Nós vamos resolver a questão econômica num outro ambiente”.

Como a Folha mostrou, o presidente da Câmara cedeu a pressão de deputados e ampliou o conflito não apenas com o governo, mas também com o STF. A falta de poder sobre o manejo de emendas parlamentares explicaria a diferença entre a liderança dele e a de Arthur Lira, que conseguiria apoio mais sólido por ter maior liberdade de destinar recursos.

 

Coluna Mônica Bergamos/Folha/UOL

Foto: Reprodução

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