Time feminino vence hackathon de IA em João Pessoa com projeto voltado à inclusão de alunos autistas
Plataforma criada por estudantes da UFPB usa inteligência artificial para apoiar professores no ensino de crianças com autismo. Vencedoras receberam R$ 20 mil e créditos da OpenAI.
Um grupo formado exclusivamente por mulheres foi o grande vencedor do hackathon Devs de Impacto, encerrado neste domingo (9) em João Pessoa (PB). As estudantes Beatriz Almeida Maceil Guimarães Pessôa (20), Emyle dos Santos Lucena (20) e Maria Clara Dantas Torres (19) — todas do curso de Ciência da Computação da UFPB — conquistaram o primeiro lugar entre 18 equipes participantes, com o projeto Andori, uma plataforma de inteligência artificial voltada à inclusão de alunos com transtorno do espectro autista (TEA).
O sistema foi desenvolvido para apoiar professores da rede pública na personalização do ensino. A plataforma coleta e processa informações fornecidas por educadores e familiares — como comportamento, interesses e desafios de cada criança — e, a partir disso, gera recomendações automáticas de adaptação das aulas, materiais e metodologias, promovendo maior engajamento e inclusão.
Além de oferecer acompanhamento de desempenho e sugestões pedagógicas, a Andori utiliza IA generativa para aperfeiçoar continuamente suas recomendações com base nos feedbacks recebidos.
“Quando anunciaram a gente, eu achei que estava sonhando. Acreditávamos muito na ideia, mas vencer sendo o único time inteiramente feminino foi ainda mais especial”, comemorou Beatriz Almeida.
As vencedoras receberam R$ 20 mil em premiação e US$ 1,5 mil em créditos de API da OpenAI, uma das apoiadoras do evento.
IA e inclusão social no centro do debate
Durante o hackathon, o tema da inteligência artificial aplicada à educação pública foi destaque em painéis e mentorias. O assessor de IA na Educação da Bahia, Iuri Rubim, reforçou a importância de colocar os estudantes no centro das soluções.
“O problema central é olhar a necessidade dos estudantes e colocá-los sempre no meio. É para eles e por eles que a educação acontece”, destacou.
Já Dani Matielo, co-líder do Laboratório de IA da Ashoka, alertou para a importância de os desenvolvedores se envolverem nas discussões sobre a regulamentação da IA no Brasil (PL 2338/23).
“Precisamos entender como essa lei pode impactar nossa atuação e o futuro da tecnologia no país. É um debate que afeta diretamente quem desenvolve, empreende e cria soluções com IA”, afirmou.
João Pessoa como polo de inovação
Após edições em São Paulo e Curitiba, o Devs de Impacto chegou à capital paraibana reunindo 65 participantes em uma maratona de 36 horas de programação, mentoria e prototipagem. O evento reforçou o papel de João Pessoa como um dos polos emergentes de tecnologia e inovação do Nordeste, conectando talentos locais a desafios de impacto social.
O Devs de Impacto é uma realização do iMasters e da ApplyBrasil, com apoio da OpenAI e produção da NewHack.
Crédito: Rafael Vieira / ApplyBrasil e iMasters

