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Temperatura dentro de JP pode variar em até 9 graus; entenda por quê

A crescente urbanização de João Pessoa nas últimas décadas vem surtindo efeito no clima da cidade e provoca “microclimas”, zonas onde a temperatura e a umidade relativa do ar podem ter diferença em relação a outras. De acordo com um estudo de 2018, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a diferença de temperatura entre o ponto mais frio, na Mata do Buraquinho, e o mais quente da capital, em Mangabeira, chegou a quase 9ºC.
O estudo, feito pela mestranda do curso de Engenharia Civil e Ambiental da UFPB, Regiane Aparecida de Souza e Silva, aponta que um dos fatores para as temperaturas altas em determinadas áreas da cidade é o uso e ocupação do solo, substituindo áreas verdes e permeáveis por asfalto e construções que utilizam concreto e vidro, que absorvem mais o calor.
Em alguns pontos da capital, como em Mangabeira e no Centro, as temperaturas máximas registradas chegaram a 38ºC. O professor de Geomorfologia da UFPB, Saulo Vital, afirmou que os microclimas são fruto do modelo de urbanização da cidade, que segundo ele, é “insustentável”.
“A cada ano, esse modelo se torna mais insustentável porque é um modelo impermeabilizador, altera a questão térmica da cidade, é desmatador. A própria coloração do asfalto, escura, altera a capacidade de absorção da energia solar e aumenta a temperatura”, explicou o especialista.
Saulo também explica que o processo de verticalização da cidade muda a circulação de ar dentro do centro urbano. “A lei impede a construção de prédios muito altos na orla, mas a gente tem uma verticalização que acontece à retaguarda dessa orla. O bairro do Altiplano, por exemplo, já está bastante verticalizado”, disse o professor.

Desmatamento
O desmatamento ao longo do Rio Jaguaribe e de outros rios urbanos de João Pessoa também é citado por Saulo como um fator que influencia na sensação de calor. “Tudo isso contribui bastante para a questão do microclima e, principalmente, no período que estamos vivendo agora, num período de mudanças climáticas, de aquecimento global, isso tem sido cada vez mais corroborado. Então, ao invés de se buscar ações de replantio e reflorestamento, estamos desmatando, gerando cada vez mais pontos de calor, aumento da temperatura”, disse o professor.

Prefeitura
O engenheiro agrônomo e diretor de Controle Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente de João Pessoa (Semam), Anderson Fontes, afirmou que a Prefeitura fiscaliza as áreas desmatadas através de monitoramento via satélite e também por meio das denúncias feitas pela população.
Ele também destacou o programa “Viva o Verde”, que replantou 23,8 mil árvores este ano, cerca de 70% delas em áreas degradadas. “Há exemplos de plantios em nascentes de rios, nas matas ciliares dos vários rios urbanos aqui de João Pessoa, em destaque o Timbó, Cuiá, Laranjeira, Jaguaribe, plantios também em Área de Preservação Permanente (APP).
Após os plantios, nós ficamos monitorando o desenvolvimento de cada espécie para verificar as que tenham melhores condições de crescimento ”, explicou o gestor.

Por Júlio Silva

Para o Jornal A União

Foto: Reprodução

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