domingo, dezembro 7, 2025
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Professor da UFCG está na lista dos 17 cientistas mais citados do mundo; é o único do NO/NE

Dezessete pesquisadores que atuam no Brasil estão entre os mais citados em artigos científicos no mundo, segundo lista divulgada neste mês pela plataforma ClarivateNo ano passado, havia 16. A Paraíba é a única do Nordeste a ter um representante: o matemático Claudianor Alves, professor titular da UFGC (Universidade Federal de Campina Grande).

A universidade está estreando na relação entre os autores mais citados. A Região Norte não tem representante. Claudionor é doutor em Matemática na UnB/Brasília; tem pós-doutorado na Unicamp e pós-doutorado USP. Sua área de interesse é “Equações diferenciais parciais elípticas”.

A Clarivate, empresa americana que oferece serviços voltados à análise de pesquisas acadêmicas e científicas, faz a relação anualmente desde 2014. O trabalho inclui os pesquisadores que se destacaram em áreas como agronomia, biologia, ciência da computação, engenharia, físicamedicinamatemática e psicologia.

O período analisado é sempre o dos 11 anos anteriores ao ano-corrente, ou seja, a lista de 2025 abrange o intervalo de 2014 a 2024.

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Maria Laura Louzada, vice-coordenadora do Nupens/USP, na zona oeste paulistana; ela é uma das pesquisadoras presentes na lista da Clarivate – Rafaela Araújo – 1º.abr.25/Folhapress

Só são avaliados artigos que sigam as diretrizes de Indicadores Essenciais Científicos (ESI, na sigla em inglês), ou seja, que tenham sido publicados em periódicos indexados na plataforma Web of Science, a exemplo das tradicionais Nature e Science, e que tenham indicadores bibliométricos de impacto.

A lista é constituída exclusivamente com base em citações bibliográficas e, portanto, é limitada em relação a outros fatores de relevância e mérito científico.

O biólogo Mauro Galetti, professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) figura na lista desde 2019 entre os mais citados. Ele é autor do livro “Um Naturalista no Antropoceno”, que venceu o prêmio Jabuti Acadêmico em 2024, e é coordenador no Centro de Pesquisa da Biodiversidade e Mudanças do Clima (CBioClima). Nas últimas duas décadas, sua pesquisa vem demonstrando os efeitos da mudança climática na perda da biodiversidade.

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Mauro Galetti, da Unesp, é um dos cientistas mais citados em artigos científicos, segundo a Clarivate – Arquivo Pessoal

Para ele, estar na lista é um reconhecimento da totalidade do seu trabalho acadêmico. “O público tem a ideia de ‘eureca’, isto é, quando o cientista isolado no seu laboratório faz uma grande descoberta. Mas um dos meus artigos mais citados levou mais de cinco anos para ser escrito, já com os dados. É um tijolinho de cada vez, com muitos testes, apresentação em congressos, volta para os dados, até chegar no resultado final, que ainda pode ser reanalisado lá na frente.”

Considerando os autores mais citados com atuação no Brasil, 4 de 17 são da área de ecologia e meio ambiente, o que reforça a participação brasileira nesse tema globalmente. “O crescimento do Brasil na lista nos últimos anos reflete como estudos nessa área vêm ganhando destaque internacional, com solicitação para palestras no exterior e colaboração com colegas de diferentes áreas”, afirma Galetti.

Na lista deste ano, foram incluídas 7.131 autorias ou instituições, representando 6.868 indivíduos —alguns têm colaborações em diferentes áreas, por isso aparecem mais de uma vez.

Os Estado Unidos lideram com o maior número de pesquisadores entre os mais citados (2.670), o que equivale a mais de um terço do total (37,4%), seguidos por China (1.406), Reino Unido (570) e Alemanha (363).

A participação brasileira vem crescendo nos últimos anos, passando de 5 em 2014 para 17 na última década.
Conheça os pesquisadores brasileiros da lista:

Sudeste:

SUL:

Centro-Oeste:

Nordeste:

Participação feminina

Outro destaque são as pesquisadoras brasileiras, que eram três na lista do ano anterior e, agora, são cinco.

A engenheira florestal Giselda Durigan, do IPA, aparece pela quinta vez no ranking. “Eu me sinto feliz, porque é um reconhecimento inquestionável. Me sinto gratificada pela dedicação que eu tive à ciência a vida inteira.”

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A pesquisadora Giselda Durigan, do Instituto de Pesquisas Ambientais, é uma das cientistas na lista da Clarivate – Arquivo pessoal

A pesquisadora, que é também membro do Comitê de Assessoramento em Ecologia e Limnologia do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e bolsista de produtividade 1A do órgão, reforça como foi essencial quebrar barreiras em uma área cuja proporção de homens e mulheres era de três para uma. “É inegável que existe um gargalo, após o doutorado, tem um gargalo [de mulheres na ciência] que eu não encontro outra explicação que não seja social.”

Em termos da representatividade paulista no ranking, Galetti destaca a atuação da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) nas políticas de incentivo à pesquisa. “A Fapesp tem um papel fundamental porque vários dos cientistas incluídos foram financiados pelo órgão, que deve ser levado como exemplo aos demais estados. Isso mostra que investimento público em pesquisa funciona, e não é simplesmente atrair pesquisadores, mas criar instituições locais e com uma visão de colaboração acadêmica muito forte”.

 

Redação, com Folha/UOL

Foto do paraibano: Reprodução

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