Nova norma vai exigir chuveiros e sistema de exaustão na garagem de prédios para poder carregar carro elétrico
Após um ano e três meses de discussões, a norma para recarga de veículos elétricos em garagens de condomínios residenciais e comerciais está prestes a ser anunciada. Segundo a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), houve consenso entre o Corpo de Bombeiros e o Governo do Estado de São Paulo.
As exigências abrangem a instalação de chuveiros automáticos (conhecidos como “sprinklers”) em prédios novos, além de sistemas de detecção de fumaça e de exaustão. Para as construções antigas, haverá um pacote de regras adequado a diferentes estruturas.
A preocupação surgiu após reportagem da Folha mostrar os problemas que podem acontecer em razão da falta de normas para colocar pontos de recarga em garagens de condomínios, com maior risco para plugues em subsolos.
Na época, a corporação já tinha previsto a instalação de ventiladores para renovação de ar, sensores de calor e chuveiros automáticos nos estacionamentos fechados que tenham plugues para carros elétricos.
Mas sugestões que limitavam o espaço nas garagens desagradaram tanto às fabricantes de veículos eletrificados como às associações do setor de construção civil.
Um dos modelos de mitigação de riscos sugerido determinava um espaço livre de cinco metros entre uma vaga e outra ou a construção de paredes corta-fogo, formando baias para recarga. Essas ideias não serão adotadas, segundo a ABVE.
A associação procurou os bombeiros e propôs um trabalho em conjunto, que incluiu simulações e cursos feitos no Brasil, nos EUA, na China e na Alemanha. A principal preocupação era como apagar o fogo, devido às características dos componentes das baterias.
Por outro lado, as simulações feitas no Brasil buscaram mostrar que os veículos elétricos modernos oferecem riscos menores. A chinesa BYD, por exemplo, tem promovido testes que mostram a resistência de sua bateria Blade às chamas mesmo quando há perfuração do componente.
A instalação fica na sede da Escola Superior do Corpo de Bombeiros, em Franco da Rocha (Grande São Paulo). No início de junho, carros e baterias foram incendiados no local, que tem uma câmera termográfica capaz de registrar até 550 °C, além de detectar fumaça e monóxido de carbono.
De acordo com o SindusCon-SP, foram investidos R$ 500 mil na construção do laboratório, incluindo as instalações hidráulicas e elétricas.
Os resultados das simulações fazem parte do relatório entregue pelas associações ao Governo do Estado de São Paulo. A ABVE espera que as normas sejam publicadas ainda em julho e apresentadas em um evento com a participação do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Há também a expectativa de que a regulamentação seja adotada em outros estados. Contudo, ainda não há definição sobre esse tema, que está sendo discutido pela Ligabom (Conselho Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil).