domingo, dezembro 7, 2025
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Nikolas Ferreira entra na mira após violação de tornozeleira de Bolsonaro

A sequência de episódios envolvendo a tornozeleira eletrônica de Jair Bolsonaro colocou o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) no centro de novos questionamentos em Brasília. Poucas horas depois de visitar o ex-presidente em sua casa, na sexta-feira (21), Bolsonaro tentou violar o equipamento com um ferro de solda, o que levou o ministro Alexandre de Moraes a converter a prisão domiciliar em prisão preventiva, sob argumento de risco concreto de fuga.

Imagens exibidas por uma emissora de TV mostraram Nikolas usando o próprio celular enquanto conversava com Bolsonaro na área externa da residência, em Brasília. O gesto contraria decisão de Moraes que proíbe o uso de telefone por terceiros na presença do ex-presidente, justamente para evitar comunicação indevida e eventual descumprimento das medidas cautelares impostas pelo Supremo.

A cena levou a deputada Erika Hilton (PSOL-SP) a protocolar uma notícia-crime no STF contra Nikolas, alegando desobediência à ordem judicial e possível instigação ou auxílio a um plano de evasão. No documento, ela pede, inclusive, busca e apreensão do celular do parlamentar para preservar eventuais provas. Agência Brasil

O próprio Bolsonaro admitiu, em vídeo e em audiência de custódia, que usou um ferro de solda para tentar abrir a tornozeleira eletrônica. Ele disse ter começado a mexer no equipamento no fim da tarde de sexta-feira, versão que contrasta com a ideia inicial de um ato impensado de madrugada. A tentativa de violação gerou alerta no sistema de monitoramento e foi usada por Moraes como um dos fundamentos para endurecer a situação do ex-presidente.

Na mesma audiência, Bolsonaro afirmou ter passado por um quadro de “paranoia” e alucinação, dizendo que imaginou haver uma escuta dentro da tornozeleira. Segundo ele, a combinação de medicamentos prescritos por diferentes médicos teria contribuído para o surto que o levou a danificar o equipamento. A versão é agora analisada pela defesa, pelo Ministério Público e pela própria Justiça.

Do lado de Nikolas, a linha de defesa é a de que não houve comunicação prévia sobre a proibição de uso de celular durante a visita. Em nota, o deputado afirmou que não foi informado de qualquer restrição por parte do Judiciário nem pelos agentes responsáveis pela fiscalização, e tentou deslocar o foco para o uso de um drone pela emissora que registrou as imagens, classificando a gravação como “invasão de privacidade”.

O fato é que as regras estavam estabelecidas desde agosto, quando Moraes restringiu o uso de celulares na casa de Bolsonaro e proibiu o ex-presidente de acessar redes sociais, direta ou indiretamente, por terceiros. Desde então, qualquer visita autorizada precisava observar esses limites, sob pena de descumprimento de ordem judicial.

Com a prisão preventiva decretada após a tentativa de violação da tornozeleira e a convocação de uma vigília por aliados na porta da casa de Bolsonaro, a narrativa de “risco de fuga” ganhou força no STF. Nesse cenário, a visita de Nikolas, registrada poucas horas antes, passou a ser olhada com lupa e tende a render novas explicações do deputado à Justiça e à opinião pública.

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