Gaza vive terceiro dia de trégua antes da cúpula internacional de paz e da esperada troca de prisioneiros
A Faixa de Gaza viveu, neste domingo (12), o terceiro dia de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, em meio à expectativa pela cúpula internacional de paz que acontece nesta segunda-feira (13), em Sharm el-Sheikh, no Egito. O encontro, considerado decisivo para o futuro da região, contará com a presença do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, do presidente egípcio Abdel Fatah al-Sisi e de líderes de mais de 20 países.
O evento deve marcar a troca de reféns e prisioneiros, prevista para ocorrer na manhã de segunda-feira. Segundo autoridades israelenses, a libertação envolverá os últimos reféns vivos e mortos mantidos pelo Hamas em troca de quase 2 mil prisioneiros palestinos, entre eles 250 condenados por motivos de segurança nacional.
A porta-voz do governo israelense, Shosh Bedrosian, confirmou que “os reféns serão entregues à Cruz Vermelha assim que Israel receber a confirmação de que todos cruzaram a fronteira em segurança”.
Negociações e possíveis libertações
Fontes próximas ao Hamas informaram à AFP que o grupo tenta incluir sete líderes palestinos proeminentes na lista dos libertados, entre eles Marwan Barghuti, Ahmad Saadat, Ibrahim Hamed e Abbas Al Sayyed. Também é esperada a devolução dos restos mortais de um soldado israelense morto em 2014.
O papel de Israel e dos Estados Unidos
Antes da cúpula, Donald Trump fará uma visita a Israel, onde o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu celebrou os avanços nas negociações, mas ressaltou que “a luta ainda não acabou”.
“Juntos, alcançamos enormes vitórias, mas ainda há batalhas a serem vencidas”, disse Netanyahu em pronunciamento.
O plano apoiado por Washington prevê uma retirada parcial das tropas israelenses de Gaza, que seriam substituídas por uma força multinacional coordenada pelos Estados Unidos, com base em um centro de comando em território israelense.
Caminho para uma trégua duradoura
Negociadores tentam garantir que o Hamas aceite uma trégua de longo prazo, comprometendo-se a não usar armas durante o período, exceto em caso de ataque israelense. Segundo fontes do movimento, o grupo não participará de um eventual governo de transição, mas aceitou manter o cessar-fogo e permitir o acesso humanitário.
Desde o início da guerra, em outubro de 2023, o conflito já deixou mais de 67 mil mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde palestino, e 1.219 vítimas em Israel, de acordo com dados oficiais israelenses.
Situação humanitária e reconstrução
Mesmo com o cessar-fogo, a situação humanitária continua grave. Caminhões com ajuda humanitária cruzaram a fronteira no domingo, mas moradores de Khan Yunis, no sul de Gaza, relataram saques de alimentos por pessoas famintas.
“Não queremos viver em uma selva. Exigimos que a ajuda seja distribuída com dignidade”, disse o morador Mohamed Zarab.
Muitos palestinos começaram a retornar às suas casas destruídas. “Senti saudades do cheiro do meu lar, mesmo que agora sejam apenas escombros”, contou Fatima Salem, de 38 anos, que pretende reconstruir sua casa em Gaza.
A cúpula de Sharm el-Sheikh reunirá também o secretário-geral da ONU, António Guterres, além dos líderes da França, Reino Unido, Itália, Espanha e Turquia, que buscam consolidar um acordo duradouro de paz e reconstrução para a região.
Com informações da RFI e agências internacionais