Estudante brasileiro de 9 anos tem dois dedos decepados em escola de Portugal
Ao PÚBLICO Brasil, Carlos Silveira, diretor do Agrupamento de Escolas de Souselo, que abrange o colégio onde o garoto está matriculado, disse que tomou conhecimento do fato, que está “em processo de averiguação, tendo sido aberto um inquérito interno, dando cumprimento à legislação em vigor”. O caso também foi comunicado à PSP (Polícia de Segurança Púbica), conforme documento obtido pela reportagem.
A agressão ao estudante aconteceu na manhã de 10 de novembro. “Cerca de uma hora e meia depois de deixar meu filho na escola, recebi um telefonema dizendo que ele tinha sofrido um acidente. Perguntaram se a avó dele, que o leva todo dia ao colégio, poderia comparecer lá, mas eu decidi ver o que realmente havia acontecido”, contou Nívia. “Como a escola é bem próxima de minha casa, eu e minha mãe chegamos muito rápido. Encontrei meu filho com uma das mãos enfaixada e uma funcionária do colégio me disse que a ambulância estava a caminho”, acrescentou.
Já no hospital, o brasileiro foi levado para a sala de cirurgia. “Foram três horas de angústia, até que eu tivesse notícias dele”, comenta a mãe. “Infelizmente, porém, não foi possível recompor os dedos, que ficaram sem as partes das unhas. Ele está com dois dedos menores que o normal”, descreve. O menino passou a noite internado, sendo liberado na terça-feira, 11 de novembro. Enquanto o filho estava sendo operado, Nívia ligou para o ex-marido e pai do garoto para informar o que tinha acontecido. “Eu tenho a guarda unilateral do meu filho, mas era importante informar o pai dele sobre tudo”, sublinha.
Combate à violência
Nívia, que mora há oito anos em Portugal e está grávida de seis semanas, assinalou que, dias antes, o filho já tinha sofrido uma agressão na escola. “Em 5 de novembro, comuniquei à escola que meu filho havia chegado em casa com uma marca no pescoço e que tinha me contado que outros alunos haviam puxado o cabelo dele e lhe dado pontapés. A escola me disse que aquilo poderia ser mentira, pois crianças mentem. No dia em que deceparam os dedos dele, num primeiro momento, tudo foi tratado como brincadeira de criança“, assinalou. A escola assegurou que tudo está sendo apurado.
O estudante já está em casa, em recuperação. “Nunca imaginei que isso pudesse acontecer com meu filho. Espero que a escola realmente apure tudo com rigor e puna, adequadamente, quem agiu com violência, para que casos como esse não se repitam”, frisou Nívia. Ela ressaltou que vai recorrer à Justiça para que tudo seja esclarecido. “Entendo que são crianças envolvidas, mas é importante mostrar que há limites, que os pais, no geral, não podem permitir que seus filhos ajam com violência”, complementou.
Procurado pelo PÚBLICO Brasil, o Ministério da Educação não se manifestou até o fechamento desta edição.

