Empresas investigadas por envolvimento com o PCC firmam contratos de R$ 584 milhões com Prefeituras de SP
Um conjunto de 13 empresas, investigadas por suspeita de envolvimento com um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital), firmou 66 contratos com prefeituras do estado de São Paulo, totalizando R$ 584,6 milhões. Além disso, 57 termos aditivos foram feitos para estender prazos de fornecimento e serviços, conforme apuração da Operação Falso Mercúrio, conduzida pela Polícia Civil de São Paulo.
A investigação revelou que as empresas envolvidas ofereceram uma variedade de produtos e serviços, incluindo softwares educacionais, locação de veículos oficiais, materiais de limpeza, móveis e até artigos de papelaria. A maior parte dos contratos foi firmada com a Prefeitura de Barueri, que concentrou 69% dos valores envolvidos (R$ 359,4 milhões).
O esquema de lavagem de dinheiro, descrito pela Polícia Civil, utilizava o mecanismo conhecido como “mescla patrimonial”, em que recursos ilegais eram misturados com receitas de empresas aparentemente legítimas, dificultando a identificação de suas origens. Entre os investigados, estão Eduardo Moreno Lopes, conhecido como “Tio”, e Thiago Telles Batista de Souza, apelidado de “Tom Cruise”. Ambos são apontados como operadores de empresas que firmaram contratos com as prefeituras.
A investigação também identificou movimentações financeiras suspeitas, como pagamentos em dinheiro feitos por motoboys e transferências bancárias por intermediários ligados à empresa Key Car. Em um dos casos, Lopes indicou em conversa que precisava receber pagamento de Cotia para viabilizar a compra de um imóvel, no contexto de um contrato de R$ 45 milhões firmado pela prefeitura com a Center Lopes, empresa de sua família.
As prefeituras envolvidas, incluindo Barueri e Cotia, alegaram que os contratos foram realizados dentro dos parâmetros legais e que não haviam sido notificadas pelas autoridades sobre qualquer irregularidade. Empresas investigadas também negaram envolvimento com práticas ilícitas e afirmaram estar à disposição para colaborar com a Justiça.
A investigação segue em andamento, com a apreensão de documentos e a identificação de pagamentos relacionados a crimes como estelionato e extorsão, e a operação Falso Mercúrio já resultou no bloqueio de R$ 6 bilhões, incluindo imóveis e veículos.

