CPI das Bets pede o indiciamento de Virgínia Fonseca, Deolane e mais 14
A relatora da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Bets, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), sugeriu nesta terça-feira (10) o indiciamento das influenciadoras Virgínia Fonseca e Deolane Bezerra, além de outras 14 pessoas, incluindo empresários e representantes das casas de apostas.
O relatório final de Soraya ainda precisa ser votado e aprovado pela CPI. O documento, obrigatório em comissões parlamentares de inquérito, pode apenas sugerir indiciamentos a autoridades responsáveis, como o Ministério Público Federal.
Soraya propõe que Virgínia seja indiciada pelos crimes de publicidade enganosa e estelionato. A senadora afirma que a influencer admitiu, durante o depoimento, fazer as apostas em uma conta de demonstração configurada pela bet —a chamada “conta demo”, no jargão publicitário.
“Ao induzir em erro seus milhões de seguidores –que acreditaram que suas ‘apostas’ eram reais–, e obter vantagem indevida –em razão das apostas realizadas por parte desses seguidores, que renderam milhões a ela e às Bets que representou–, há indícios de que Virgínia tenha cometido o crime de estelionato”, diz Soraya.
Já Deolane foi convocada pela CPI, mas recebeu um habeas corpus do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) André Mendonça que a liberava de ir ao Senado. Mesmo assim, a relatora afirma que a CPI “colheu indícios suficientes da prática de crimes”.
Soraya sugere que ela seja indiciada pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, além das contravenções penais de jogo de azar e loteria não autorizada.
A relatora pede a responsabilização de Deolane pela ligação dela com uma bet que não tem autorização do Ministério da Fazenda e sequer usa site com final “bet.br”. A empresa opera hoje em âmbito nacional com uma decisão da Justiça de São Paulo. A bet também recebeu autorização de funcionamento no Rio de Janeiro da Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro).
Soraya aponta que Deolane divulgou falsamente que a bet estava autorizada a funcionar. A relatora acrescenta que a advogada vendeu a participação dela na empresa em novembro para José Daniel Carvalho Saturnino por R$ 30 milhões, sem qualquer registro de pagamento.
Deolane foi alvo da operação da Polícia Federal que investiga crimes de lavagem de dinheiro e prática de jogos ilegais. Ela nega as acusações.
A advogada e influenciadora ficou presa durante 20 dias em setembro do ano passado por suspeita de envolvimento em uma suposta organização criminosa que teria movimentado quase R$ 3 bilhões entre 2019 e 2023.
Soraya também sugere o indiciamento p or lavagem de dinheiro e associação criminosa do empresário Fernando Oliveira Lima, conhecido como Fernandin OIG, dono de bets que disponibilizam jogos como o Fortune Tiger, popularmente conhecido como “jogo do tigrinho”.
O relatório final apresenta ainda 18 projetos de lei e 21 medidas para “conter o avanço descontrolado das apostas online no Brasil e minimizar os danos aos apostadores”.
A CPI foi prorrogada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), em 30 de abril por mais 45 dias, prazo bem menor que o defendido pela relatora, que insistia em levar a comissão até o fim do ano, com mais 130 dias.
Ao ser instalada, no final de 2024, a CPI das Bets dividiu atenções com a CPI das Apostas Esportivas, capitaneada pelo senador e ex-jogador da Seleção Romário (PL-RJ) e pelo senador e apresentador Jorge Kajuru (PSB-GO) para apurar a manipulação em partidas de futebol.
Uma investigação da Polícia Federal sobre supostos pedidos de propina feitos por um lobista a empresários do setor de apostas na mira da CPI das Bets ajudou a pavimentar o esvaziamento da comissão —até hoje, com um titular a menos.
Suplente da CPI, o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), viajou para a Europa no mês passado em um jatinho particular de Fernandin OIG. O senador e o empresário foram procurados pela reportagem na ocasião, mas não se manifestaram.
Adélia de Jesus Soares (ex-BBB, advogada e influenciadora)
Daniel Pardim Tavares Gonçalves (dono de empresa suspeita de operar jogos ilegais)
Deolane Bezerra dos Santos (advogada e influenciadora)
Ana Beatriz Scipiao Barros (influenciadora)
Jair Machado Junior
José Daniel Carvalho Saturnino (empresário apontado como dono de bet)
Leila Pardim Tavares Lima (contadora, mulher de Daniel Pardim)
Marcella Ferraz de Oliveira
Virginia Pimenta da Fonseca Serrão Costa (influenciadora)
Pâmela de Souza Drudi (mulher de Fernando Oliveira Lima)
Erlan Ribeiro Lima Oliveira
Fernando Oliveira Lima (empresário de bets, conhecido como Fernandim OIG)
Toni Macedo da Silveira Rodrigues
Marcus Vinicius Freire de Lima e Silva
Jorge Barbosa Dias (empresário do setor de bets)
Bruno Viana Rodrigues (empresário do setor de bets)