Primeira vinícola da Paraíba realiza a colheita da segunda safra e projeta crescimento da produção em Sousa

O município de Sousa, no Sertão paraibano, distante 434 quilômetros de João Pessoa, entra no radar dos consumidores de vinho com o Chatêau HS, a primeira vinícola da Paraíba. O empreendimento, que realiza neste período do ano a segunda colheita de uva e projeta crescimento na produção de vinho. O projeto “Mulheres do Agro Antes da Porteira”, da Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap-PB), visitou a propriedade para mostrar a experiência sertaneja da produção da uva e do vinho e o trabalho da empreendedora Herta Sônia.
O secretário da Sedap-PB, Joaquim Hugo, ressalta que o projeto “Mulheres do Agro Antes da Porteira”, extensão do “Encontro de Mulheres do Agro”, foi criado para “apresentar experiências na zona rural que tenham mulheres como protagonistas, mostrando a força do trabalho feminino e valorizando o papel da mulher no campo”.
A assessora de Gestão Social da Sedap-PB, Márcia Dornelles, idealizadora do projeto “Mulheres do Agro Antes da Porteira”, explica que a proposta é um “espaço para que o trabalho da mulher na zona rural seja observado com o protagonismo que possui. Que a presença da mulher, a sua rotina, a sua participação e o seu esforço sejam percebidos com o valor que merece”.
Márcia Dornelles frisa “O empreendedorismo feminino tem se mostrado uma importante ferramenta de transformação social, ao fortalecer a autonomia, a capacidade de ação e a influência das mulheres no mundo dos negócios, permitindo que elas alcancem seu pleno potencial e contribuam para o desenvolvimento econômico e social e muitas vezes ambiental”.
A vinícola Chatêau HS está localizada no Distrito de São Gonçalo, no município de Sousa. O HS vem do nome de sua proprietária, Herta Sônia, advogada, que era concurseira e agora dedica boa parte do seu tempo a administrar a propriedade, o plantio de uva e a produção de vinho em pleno Sertão paraibano.
Herta Sônia fala do empreendimento e lembra que a ideia de criar uma vinícola na região onde mora começou a partir de uma viagem à França, em 2022, com o marido Jarismar Gonçalves para comemorar o aniversário de casamento. “Durante a viagem, o meu marido levantou a ideia de porque não criar uma vinícola em Sousa, no Sertão”, lembra. Na volta à terra natal, os dois decidiram pesquisar, estudar e verificar a viabilidade de levar adiante o que apenas era só uma ideia.
Buscaram conhecimento, principalmente, na região do Rio São Francisco, em Petrolina, Pernambuco, que já produz uva e vinho há algum tempo, “Por coincidência, também foi o momento em que as águas da Transposição do Rio São Francisco chegaram aqui à região de Sousa, o que encaixou perfeitamente com o que a gente estava planejando”, conta a empreendedora.

        Com a viabilidade do negócio comprovada, veio a etapa do plantio das três mil mudas vindas do Vale do Rio São Francisco em um hectare de áres. Foram quatro os tipos de castas plantadas em maior número na propriedade: syrah, malbec, tannat e touriga nacional. Outros 19 tipos de uvas foram plantadas “nas duas primeiras fileiras da plantação, que foi uma espécie de laboratório”, lembra Herta Sônia.
Porém, a syrah, que já está adaptada ao Vale do Rio São Francisco, é a casta com mais mudas plantadas na vinícola em Sousa e a que aparenta melhor adaptação. A primeira safra colhida em novembro do ano passado foi de uma tonelada de uva, que resultou na produção de 500 garrafas de vinho em abril deste ano.
O primeiro vinho foi chamado em italiano “Nozze D´argento”, que significa bodas de prata, produzido com uvas syrah e tannat. O segundo vinho produzido com uvas da primeira safra é uma homenagem à Sousa. É o Abelisaurus, feito com uvas malbec e tannat. O rótulo traz a figura do dinossauro homenageado que viveu no Sertão paraibano há milhões de anos.
“A gente pretende fazer vários rótulos como uma família dos dinossauros que viveram aqui em Sousa. A idéia é fazer um rótulo de cada espécie que habitou aqui, assim com outras coisas que descobrimos sobre a região, como figuras rupestres, mas sempre relacionados ao lugar de origem, a Sousa”, revela Herta Sônia.
Planos de expansão do plantio de uva e, consequentemente, da produção de vinho, já existem. A intenção é ampliar a plantação em mais três hectares e construir a vinícola numa área no meio do parreiral. O espaço atualmente usado para a produção do vinho será destinado como área de apoio para os trabalhadores da vinícola.
“As coisas evoluíram numa rapidez muito grande. Junto à produção do vinho veio concomitante a chegada do turista. As pessoas ficaram curiosas em conhecer o plantio de uva e a produção do vinho em Sousa”, comenta a empreendedora. A vinícola foi inserida, inclusive, numa rota turística da região.