PT faz vídeos de IA para defender taxação dos mais ricos
O Partido dos Trabalhadores aprendeu a usar a IA e está bombando nas redes sociais com vídeos em que mostra, de maneira prática, a distorção que existe entre o imposto pago pelos ricos e o pago pela classe média e trabalhadores.
Matéria do Estadão mostra que o governo vai dobrar a aposta e fazer nova disputa política com aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), antecipando o tom da campanha de 2026. Depois de ressuscitar o “nós contra eles”, a equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara uma estratégia para atingir também a classe média. A ideia é mostrar que os mais ricos estão isolados porque 99% da população defende “justiça tributária” e apenas 1% é contra.
Integrantes do PT preparam uma nova frente de vídeos com uso de inteligência artificial (IA) para responder ao tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O foco da nova campanha deve ser a família Bolsonaro, especialmente a atuação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos. Para os petistas, a ligação entre a viagem de Eduardo aos EUA, o apoio público de Trump ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a decisão de sobretaxar em 50% os produtos brasileiros é “inevitável”.
O tom da campanha deve reforçar a ideia de que a família Bolsonaro atua contra os interesses nacionais ao estimular ações de Trump que afetam a indústria brasileira. Segundo dirigentes do partido, o objetivo é deixar claro que Bolsonaro e aliados não agem em defesa do Brasil, mas sim em busca de autoproteção no caso da ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado.
Impostos
Lula será o “motor” do conceito de que, para manter as contas públicas equilibradas, o governo vai taxar “quem sempre pagou pouco ou quase nada”. Todos os ministros também foram orientados a bater na mesma tecla, sem se importar com o impacto do enfrentamento ao Congresso.
“Sei que existe uma disputa ideológica no País, mas vamos para os resultados. Vamos falar Português para as pessoas”, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao participar da cerimônia de lançamento do Plano Safra Empresarial, nesta terça-feira, 1, no Palácio do Planalto. “São patriotas que pensam que, quando a economia está indo bem, o País está mal?”, provocou ele.
Haddad causou surpresa ao fazer até mesmo um elogio ao trabalho do ministro da Casa Civil, Rui Costa, seu desafeto desde o início do governo. Nos bastidores, houve quem afirmasse naquele Salão Nobre que um colapso à vista faz milagres.
Desde a semana passada, quando o Congresso derrubou o decreto de Lula que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o Planalto entendeu que o pano de fundo da briga ia muito além do tributo. Na lista dos fatores que contribuíram para o Centrão puxar a faca contra o governo estão embates por cargos, insatisfação com o atraso no pagamento de emendas parlamentares, queixas do mercado e as eleições de 2026.
Lula ficou irritado com um vídeo divulgado nas redes sociais pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), dizendo que “quem alimenta o nós contra eles acaba governando contra todos”. A Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do Congresso.
Monitoramentos feitos pelo Planalto mostram que, nas redes sociais, a versão recauchutada do “nós contra eles” superou as expectativas, ultrapassando os posts bolsonaristas em número de interações.
Embora até mesmo aliados do governo tenham receio dessa guinada à esquerda, o argumento usado por ministros é o de que Lula não pode ceder porque, se assim o fizer, o Congresso derrubará todas as medidas de interesse do Planalto.
“Há uma exacerbação de poderes por parte do Legislativo”, afirmou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. “Se os parlamentares estão bravos com o STF, o debate que eles têm de travar é com o Supremo. O CPF ali não é o do Lula”.
Redação, com Estadão e CNN Brasil
Foto: Divulgação/PT