terça-feira, outubro 21, 2025
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Prefeitura de João Pessoa aposta em formação de alunos como mediadores para promover cultura de paz nas escolas

Iniciativa da Guarda Civil Metropolitana em parceria com a Secretaria de Educação já alcançou mais de 3 mil pessoas da comunidade escolar

Em tempos de crescentes desafios dentro do ambiente escolar, a Prefeitura de João Pessoa aposta na educação para transformar conflitos em oportunidades de crescimento. O projeto “Mediação Escolar e Desenvolvimento de uma Cultura de Paz”, coordenado pela Guarda Civil Metropolitana (vinculada à Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania – Semusb), em parceria com a Secretaria de Educação e Cultura (Sedec), já beneficiou mais de 3 mil integrantes da comunidade escolar, entre estudantes, professores, gestores e familiares.

Desde sua implantação, no segundo semestre de 2023, o projeto está ativo em sete escolas da rede municipal e segue expandindo seu alcance. A mais recente a receber a iniciativa foi a Escola Anayde Beiriz, no Bairro das Indústrias. Também já participaram instituições dos bairros Varadouro, Bessa, Novais, Colinas do Sul e Grotão.

A proposta busca formar “Mediadores Mirins”, jovens entre 10 e 14 anos, selecionados de forma voluntária com autorização dos pais. Os alunos participam de um curso formativo com temas como Justiça Restaurativa, Comunicação Não Violenta e Circuito da Paz. Atualmente, o II Curso de Formação está em andamento com estudantes das escolas Damásio Barbosa da Franca (Trincheiras), Deputado Fernando Milanez (Gramame) e Arnaldo de Barros (Novais).

Para a coordenadora do projeto, Wânia Di Lorenzo, a iniciativa funciona como um importante canal de diálogo e construção de valores. “O projeto ajuda a quebrar ciclos de violência e a construir laços de cidadania. Trabalhamos questões como bullying, racismo, discriminação, saúde mental e convivência familiar, além de incentivar o olhar igualitário e empático dos alunos”, destaca.

As atividades são desenvolvidas de forma lúdica, por meio de dinâmicas, rodas de conversa, cine-debates e oficinas interativas. Cada escola participante contribui na definição do público-alvo e dos temas a serem trabalhados, conforme diagnóstico feito pela equipe da Semusb.

O impacto positivo já é perceptível nas unidades onde o projeto foi implementado. O diretor da Escola Arnaldo de Barros Moreira, Humberto Nóbrega, conta que os alunos vêm internalizando as práticas de mediação. “Já observamos que, este ano, os próprios estudantes começaram a resolver conflitos entre si. O curso transformou a postura dos participantes e fortaleceu a cultura de paz que tentamos construir desde o ano passado”, relata.

A professora Martha Ferreira, que leciona Protagonismo e História na mesma escola, ressalta que os alunos passaram a projetar o futuro com mais clareza. “Antes, muitos nunca haviam pensado em um projeto de vida. Hoje, estão mais confiantes, conscientes de seu papel e com autoestima fortalecida”.

Os próprios estudantes reconhecem os ganhos da formação. Miguel Fernandes, 14 anos, diz que se inscreveu para “ajudar a resolver brigas sem violência ou xingamentos”. Luciana Vitória, 13, viu na oportunidade uma forma de mudar a realidade da escola. “Quero fazer a minha parte para melhorar”, afirma.

Esther Germano, de 11 anos, destacou a importância do conteúdo do curso em sua vida. “Me ajudou a lidar melhor com situações difíceis do cotidiano. Aprendi sobre respeito, rejeição, bullying e como resolver conflitos sem agressividade”, disse a aluna, que leu o juramento da turma na cerimônia de formatura.

Para sua mãe, Lucidalva Germano, o impacto se estendeu à convivência familiar. “Ela está mais atenta, obediente e aberta ao diálogo em casa”, afirma.

O projeto foi iniciado nas escolas Frei Albino e Moema Tinoco, como piloto, e em 2024 passou a incluir também as escolas Damásio Franca, Fernando Milanez, Ana Nery e Arnaldo de Barros. A equipe responsável pela formação dos mediadores mirins é composta por guardas civis metropolitanos capacitados em Mediação de Conflitos e Conciliação Judicial, com certificação pelo Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), através da Esma.

Segundo Wânia Di Lorenzo, o compromisso com a formação continuada garante a sintonia da equipe com os objetivos da iniciativa. “A cultura de paz é um valor que precisa ser cultivado desde cedo, e nossos jovens têm demonstrado que estão mais do que prontos para isso”, conclui.

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