sexta-feira, novembro 14, 2025
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COP30 começa em Belém com impasse sobre combustíveis fósseis e financiamento climático

A Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP30, teve início nesta segunda-feira (10) em Belém (PA), reunindo líderes e representantes de quase 200 países na tentativa de reanimar os esforços globais contra o aquecimento do planeta.

Apesar das críticas e desafios logísticos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve a escolha da capital paraense como sede do evento, que deve receber cerca de 50 mil pessoas. A cidade enfrenta carência de hospedagem e elevação nos preços, mas o governo aposta no simbolismo da Amazônia como cenário para a conferência.

“Queremos que o mundo veja a real situação das florestas, da maior bacia hidrográfica do planeta e dos milhões de habitantes da região”, destacou o governo.

Amazônia em foco

O evento ocorre em meio à preocupação crescente com o desmatamento, a mineração ilegal, a poluição dos rios e a violência contra povos indígenas. A floresta amazônica é peça-chave no combate às mudanças climáticas, por sua capacidade de absorver gases de efeito estufa.

Apesar do planejamento diplomático iniciado há um ano, as obras e a logística local estão atrasadas. No domingo (9), pavilhões ainda eram finalizados no centro de convenções. “Há grande preocupação se tudo estará pronto a tempo”, afirmou uma fonte próxima à ONU à AFP.

Desafios políticos e financeiros

Entre os maiores impasses da COP30 está o financiamento climático: como garantir recursos para países afetados por ciclones, secas e desastres naturais. O furacão que devastou a Jamaica no mês passado, o mais forte em quase um século, é apontado como exemplo da urgência das ações.

Outro ponto central é a redução do uso de combustíveis fósseis. Lula propôs um “mapa do caminho” para o abandono progressivo dessas energias — proposta herdada da COP28, em Dubai, mas agora ameaçada por um renovado apoio à indústria petrolífera, especialmente após a eleição de Donald Trump, crítico assumido da agenda climática.

“Vamos conseguir um consenso sobre as energias fósseis? É um dos mistérios da COP30”, disse André Corrêa do Lago, presidente brasileiro da conferência.

O peso da história

Há três décadas, desde a Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro, os países negociam mecanismos para conter o aquecimento global. O Acordo de Paris (2015) consolidou o compromisso de limitar o aumento da temperatura média global a 1,5°C — meta que, segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres, está prestes a ser ultrapassada.

“É inevitável que esse limite seja superado em breve. Precisamos agir para que dure o menor tempo possível”, alertou Guterres.

Pequenas ilhas e nações vulneráveis pedem que a conferência reconheça oficialmente o fracasso em manter a meta de 1,5°C.
“Esse número é uma questão de sobrevivência”, afirmou Manjeet Dhakal, assessor do grupo de países menos desenvolvidos.

Ausência norte-americana e o avanço do negacionismo

Pela primeira vez, os Estados Unidos — maior economia do planeta e segundo maior emissor de gases de efeito estufa — não participam oficialmente das negociações. O presidente Trump, que já chamou o aquecimento global de “a maior farsa da história”, criticou nas redes sociais o desmatamento em Belém para a construção de uma estrada.

Diante desse cenário, líderes como o francês Emmanuel Macron pediram que o debate climático se apoie “na ciência, não na ideologia”, reforçando o clima de tensão e urgência que marca o início da COP30 na Amazônia.

Com informações da AFP

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