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POPULAÇÃO LEMBRA 42º ANIVERSÁRIO DA MORTE DE ENIVALDO MIRANDA, O SANTO ANTONIO DE CABEDELO

Nos tempos de adolescente e pré-adulto, ele já gozava da boa reputação de filantropo, a ponto de ser chamado de “O Santo Antônio de Cabedelo.” Daí porque a sua tática de lidar com o público foi, repentinamente, percebida pelo advogado e político Luiz de Oliveira Lima. Inconscientemente, Enivaldo Figueiredo Miranda, fazia cumprir a sina do que significa seu nome em germânico antigo (Einhard) que, traduzido para o português, equivale a “o que gosta de governar com rigor”. No mais, o primeiro prefeito de Cabedelo, apesar de eficiente e honesto, não gostava de aparecer sob os holofotes da mídia.
Ao perceber que não havia verba para a construção de novas escolas, Enivaldo, através de Jânio Quadros, ajudou padre Alfredo, vigário geral do município, a construir o Ginásio Imaculada Conceição, educandário que inaugurou o ensino de primeiro esegundo graus na cidade portuária, quando as chuvas e as marés altas provocavam inundações, era o filho de seu Liberato quem se fazia presente, ajudando a população a escavar valas de escoamento. Ele era considerado o bom samaritano, a quem todos recorriam nas horas mais difíceis.

Filho de Liberato José de Miranda e Marieta Figueiredo Miranda, Enivaldo nasceu em Cabedelo, em 30 de outubro de 1919. Seus pais tiveram sete filhos: Severino, Helenilde, Enivaldo, Manuel, Zélia, Wanda e Antônio. Sua família morava na Rua da Frente, uma das principais do centro de Cabedelo. A Rua da Frente, após a revolução de 1930, passou a se chamar Presidente João Pessoa. Neste ambiente simples, de paz e harmonia, o menino Enivaldo encontrava horas vagas para cavalgar os burros que pastavam soltos nas ruas. Ele vivia em tempos de tranqüilidade e inocência, pescando siris escondido da família e correndo livre nas praias.
Os avôs maternos de Enivaldo se chamavam Francisco Pedro Figueiredo e Antônia Pires de Figueiredo Tiveram 17 filhos. O avô Chico Pedro, era prático-mor da Barra, os navios eram guiados seguramente por sua embarcação, até o ponto de atracar. Era homem influente e querido no lugar. Pode-se afirmar que era o segundo pai dos netos, que viviam constantemente em sua aconchegante residência, recebendo atenção e mimos.
Chico Pedro caracterizava muito bem o clã de uma família que gostava de ajudar as pessoas. Dona Toinha, sua mulher e, conseqüentemente, avó de Enivaldo, era vista, na calçada, distribuindo bacalhau e feijão na Semana Santa, para o desjejum dos pobres.
Foi dela que Enivaldo herdou esse espírito solidário. Gostava de fazer favores, sendo muito querido pelo povo, que o achavam bonito e atencioso. Em 6 de junho de 1942, morre o velho Chico Pedro, homem respeitado em Cabedelo, testemunho de força e exemplo de moral. Enivaldo, então, já havia crescido jovial, popular e apreciador de festas. Talvez este fosse o seu segredo, para manter-se junto da comunidade e ouvir suas queixas e lamúrias. Sentia, dentro de seu espírito, um clima de premonição, que antevia a responsabilidade do futuro prefeito que iria ser.
Conhecido pé de valsa, o moço Enivaldo dançava coco de roda, ciranda, quadrilha e frevo. Freqüentava as animadas festas religioso/culturais da Paróquia de Santa Catarina, na Praça Getúlio Vargas; e de São Sebastião, em Camalaú; frequentava as lapinhas, o pastoril, o boi de reis, a Nau Catarineta e outros ícones da cultura popular, no bairro Monte Castelo e nas praias de Miramar, Ponta de Matos, Formosa e Poço. Estava preparando o perfil de político de mangas arregaçadas, que caracterizaria sua administração.
Com relação aos estudos – em Cabedelo, na época, só existia o primário -, freqüentou a escola até o exame de admissão. Seus pais puderam colocar apenas dois de seus irmãos para continuarem os estudos fora da vila, em João Pesso e /Recife. Desse modo, Enivaldo dedicou-se ao trabalho, conseguindo, posteriormente, uma colocação como funcionário da Administração do Porto, na função de conferente.
Nessa oportunidade Enivaldo conheceu Irene Sousa, e com ela se casou. Desta união nasceram sete filhos: Ana Maria, Leda Maria, Vera Maria, Aderbal, Marilene Maria, Jânia Maria e Jânio. Dona Irene o apoiava no seu trabalho político e social. Gostava de cuidar dos filhos e de viajar com o marido, quando podiam. Enivaldo, de seu relacionamento com a professora Eulina Fernandes, também teve três filhos: Enivaldo Júnior, Jango Magno e Cláudio José. A prole toda concorda “que ele foi um pai amoroso pronto a cuidar dos filhos sem nenhuma deferência”.

 

De espírito caridoso e inquieto, Enivaldo buscava meios de ajudar a população de pouco poder aquisitivo, da então Vila de Cabedelo. Fosse o problema do mais simples ao mais complexo, ele chegava lá: aquisição de remédios e alimentos, além de transporte para conduzir a João Pessoa os atendimentos de urgência, fosse de ambulância, jipe e até de caminhão. Concedia prioridade às mulheres grávidas que precisavam de cirurgias.

Juntava-se aos moradores na abertura de valas para escoar os alagados provocados pela chuva e as marés altas; e estava sempre presente e ativo na construção de casas de taipa, com a finalidade de abrigar os que não tinham onde morar. Com Enivaldo junto, os trabalhos em mutirão funcionavam com rapidez e eficiência.
Essa sua solicitude em ajudar o próximo chamou a atenção do advogado e político pessoense, Luiz de Oliveira Lima, que, ao veranear em Cabedelo, conheceu Silinha, prima de Enivaldo, com quem se casou. A amizade entre Enivaldo e Oliveira Lima se tornou mais sólida. Foi quando Oliveira Lima notou a aptidão do jovem cadebedelense para as causas sociais e passou a apoiá-lo, politicamente.
Enivaldo também retribuiu seu apoio político a Oliveira Lima. E isto aconteceu em 1951durante as eleições na capital. Luiz de Oliveira Lima candidatou-se a prefeito e, Enivaldo e mais dois cabedelenses, a vereador. Todos foram eleitos com os votos do então distrito de Cabedelo, que na época, possuía razoável peso eleitoral. Desta forma começou, literalmente, a carreira política de Enivaldo Miranda.
Depois de dois anos Enivaldo se afastou da Câmara: foi nomeado Delegado Municipal de Cabedelo. Posteriormente, com a ajuda do político Luís de Oliveira Lima, fez diversas obras e benefícios nesta cidade: a construção do Cabedelo Clube, do posto de puericultura, do Centro de Formação de Professores e das valetas destinadas a sanar o problema das inundações. Como delegado municipal at´pe as prostitutas atendiam aos seus conselhos.
Após a emancipação de Cabedelo, em 1956, a cidade ainda permaneceu dois anos com prefeitos indicados: esperava-se a instalação da Comarca. As eleições só ocorreram em 1959, sendo eleitos: Enivaldo Miranda (prefeito) e Francisco Figueiredo de Lima (vice-). Ambos cumpriram os mandatos até 1963.

UMA CANCELA EM POÇO PARA COBRAR PEDÁGIO

Manutenção e inauguração do prédio da Prefeitura, na Rua Aderbal Piragibe. Colocou pessoas eficientes que o ajudaram a organizar a Prefeitura, como o fiscal geral, Manoel Moreira da Silva e o Secretário Geral, José de Arimatéia, que trouxe seu conhecimento e experiência para a administração da cidade e do setor de tributos municipais, um dos auxiliares estratégicos de Enivaldo foi Pedro da Silva Coutinho, que muito contribuiu para a emancipação financeira de Cabedelo;
A arrecadação sofreu sensível melhoria. Além do déficit permanente, duas grandes empresas, o Moinho Teone e a Esso Brasileira de Petróleo, tinham isenção de impostos, embora seus veículos danificassem ruas e estradas. Enivaldo mandou construir a Cancela da Praia do Poço, a fim de cobrar uma taxa dos veículos em trânsito. A finalidade era conseguir dinheiro, para realizar obras. Criou a instituição do aviso de cobrança do IPTU, que era pago sem assiduidade. Inaugurou o prédio da Prefeitura da Rua Aderbal Piragibe.
Reformou a Escola Maria Pessoa, fez o calçamento do centro da cidade, incluindo. E realizou um sonho antigo dos habitantes locais: forrar, com barro, a Rua Solon de Lucena. Renovou os equipamentos de lazer do Parque Infantil Francisco Pedro de Figueiredo, incluindo cerca, pintura,novos balanços – gangorra, escorrego; e contratou um funcionário. Conseguiu, no Governo de Pedro Gondim, o Colégio Estadual de Cabedelo.
O Parque também passou a ser um espaço de vacinação para as crianças. reformou o posto de puericultura e contratou médico. Esse posto oferecia tratamento dentário, vacinação e distribuição de leite para as pessoas carentes.; adquiriu um jipe e uma ambulância para a prefeitura, além de um caminhão para a coleta de lixo nas principais ruas da cidade – antes a população enterrava os lixos nos quintais ou em terrenos baldios.
Na sua gestão Cabedelo foi pioneira na radiofonia entre os municípios do Litoiral Norte. Hélio Almeida, um morador antigo, instalou A Voz de Cabedelo, utilizando um amplificador na Praça Getúlio Vargas e alguns alto-falantes em pontos estratégicos. Ao se eleger prefeito, Enivaldo, aceitou de Hélio, está grandiosa e oportuna oferta.
A Voz de Cabedelo, agora no âmbito municipal, se transformou em Agência de Publicidade A Voz de Cabedelo. E passou a gerar mais potência depois que o rádio técnico Zé de Moura montou um transmissor, que aumentou a captação de ondas hetrzianas. A mini-emissora tinha shows de humorismo, concurso musical de calouros e até programas culturais, sob a responsabilidade da professora Edna. O maior ouvinte era Reginaldo Viana, que morava próximo, em cuja casa, A Voz de Cabedelo era sintonizada.

Por: Hilton Gouvêa

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