Caminhos do Frio: Terra de Jackson do Pandeiro recebe Alceu Valença
A Rota Cultural Caminhos do Frio chega amanhã (25) a Alagoa Grande, penúltima cidade a receber o festival itinerante. O município, que é conhecido por ser o maior produtor de fava do Brasil, é também berço do cantor, compositor e multi-instrumentista, Jackson do Pandeiro, e da líder sindical Margarida Maria Alves. Conhecida pela sua cultura e seus produtos turísticos, a cidade recebe entre as suas atrações o cantor pernambucano Alceu Valença.
O evento, lançado em Areia no fim de junho, encerra hoje sua programação em Bananeiras. A 18ª edição da Rota Cultural Caminhos do Frio – que traz o tema “Celebrando os Povos Tradicionais” -, é promovida pelo Fórum Regional de Turismo Sustentável do Brejo Paraibano (FRTSB-PB), com o apoio do Governo do Estado, Sebrae-PB, Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo da Paraíba (Fecomércio) e prefeituras municipais. A festividade oferece uma ampla gama de atrações, incluindo apresentações musicais, espetáculos cênicos, experiências culinárias e atividades de imersão na natureza, finalizando suas atrações deste ano no município de Alagoa Nova, em setembro.
Alagoa Grande conta com uma população de cerca de 26 mil habitantes, de acordo com o censo de 2022 do IBGE e se situa a 110 km da capital paraiba. A cidade tem entre os seus pontos turísticos que farão parte da programação do festival o Teatro Santa Ignêz, o terceiro mais antigo do estado, além do memorial Jackson do Pandeiro, o engenho da cachaça Volúpia e a comunidade Caiana dos Crioulos.
Público
A expectativa, para a secretária municipal de turismo e cultura, Tamyres Dysa da Luz, é de que 10 mil pessoas passem pela cidade nos dias de shows – sexta-feira (29) e sábado (30), mas a perspectiva durante o acumulado da semana é que esse número dobre.Tamyres Dysa afirmou que todos os equipamentos de cultura estarão funcionando nos três turnos com condutores para recepção dos turistas.
As atividades culturais são destaque na programação que vai até o domingo (31). Mostra de cinema, apresentação de cirandeiras, espetáculos teatrais, festival de gastronomia, oficina de pandeiro fazem parte da agenda na cidade.
“Acolhemos todos os projetos inscritos pelos artistas locais. Teremos uma semana repleta de cultura e intervenções artísticas, inclusive durante a sexta-feira e o sábado. Os intervalos das bandas contarão com essas apresentações”, explicou a representante da prefeitura. Ela ainda reforçou o papel da fava nas atrações culinárias da cidade. “Trabalharemos esse alimento como elemento de protagonismo gastronômico, visto que Alagoa Grande é a maior produtora de fava do Brasil”, destacou.
Programação
A abertura do festival acontece amanhã (25) com a presença de representantes do Conselho Municipal de Turismo e da Associação de Turismo de Alagoa Grande. Apresentações musicais com a orquestra de pandeiro trazendo o “Momento Jackson Coco Forrozado”, com as cirandeiras da comunidade Caiana dos Crioulos e com o espetáculo de coco de roda por meio do grupo folclórico Raízes, também farão parte da cerimônia. Além disso, no hall do Teatro Santa Ignêz, haverá feira de artesanato e de gastronomia. Na terça-feira (26), o teatro local ganha espaço, além do concerto musical do Programa de Inclusão através da Música e das Artes (Prima-PB).
Seguindo a agenda, na quarta-feira (27), o dia começa às 9h, com a mostra de cinema. A programação segue com contação de histórias e performances circenses. A noite será recheada de muita musicalidade e cultura. Às 19h, a dupla de violeiros Mestra Soledade e Biu Cardoso iniciam as apresentações, seguidos do encontro sobre a marcha das mulheres negras, performances circenses, espetáculo teatral, dança regional e sarau poético. Já na quinta-feira (28), o diferencial será a experiência de acompanhar a torra do café com o Núcleo de Estudos em Cafeicultura da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
A sexta-feira (29) traz muito teatro, danças ancestrais e cortejo de maracatu com o grupo Maracagrande, de Campina Grande. À noite, a programação musical fica por conta de Filipe Mello, Petrúcia Valéria e banda e Ranniery Gomes.
O sábado (30) é o dia do tão aguardado show de Alceu Valença. Mas antes da apresentação, os turistas ainda poderão vivenciar uma agenda extensa de atividades, com intervenções artísticas, feira de mangaio com coco de roda, oficina de acordeon e de pandeiro. Ademais, os fãs de Jackson do Pandeiro vão poder participar de uma oficina de pandeiro no memorial dedicado ao cantor e multi-instrumentista. A partir das 19h10, tem início a programação de shows musicais. Com abertura de Artur Vinícius e do grupo de percussão feminino As Calungas, o cantor pernambucano Alceu Valença entra no palco às 23h, trazendo canções que animam e emocionam os mais diversos públicos como “La Belle de Jour”, “Morena Tropicana” e “Anunciação”.
O domingo, último dia de realização da festividade no em Alagoa Grande, traz o passeio “Vivenciando Caiana”, às 8h, com trilha ecológica e apresentação das cirandeirasna comunidade Caiana dos Crioulos. Já aqueles que curtem aventura, poderão vivenciar o voo livre, tanto de parapente quanto de asa-delta na rampa do Brow, área que oferece uma decolagem natural e um espaço amplo para pouso, e ainda praticar rapel na ponte da saída para Areia. E, para finalizar, a hora do almoço vai ser embalada de muito forró no engenho Lagoa Verde, da cachaça Volúpia.
Produtos turísticos de Alagoa Grande
Vivenciando Caiana dos Crioulos
As atividades na comunidade quilombola da zona rural da cidade propiciam que o turista experimente a cultura, os costumes e as tradições quilombolas. É uma prática que visa o desenvolvimento da região por meio da geração de renda para a comunidade. A Caiana dos Crioulos, que se situa a 14 km do centro do município, é reconhecida desde 2005 pela Fundação Cultural Palmares.
Engenho Lagoa Verde (Volúpia)
O engenho, criado em 1946, propicia que o visitante observe todo o processo de fabricação da cachaça, desde a retirada do caldo da cana de açúcar até o engarrafamento do produto, além de obter informações sobre os diversos tipos da bebida. Toda a produção se dá de maneira artesanal, com o engenho realizando a própria plantação orgânica de cana-de-açúcar. Para os curiosos: a Cachaça Volúpia foi a primeira no Brasil a engarrafar sua bebida em garrafas de porcelana.
Memorial Jackson do Pandeiro
José Gomes Filho, mais conhecido como Jackson do Pandeiro, nasceu em 1919 em Alagoa Grande. Já na entrada da cidade, o portal com um enorme pandeiro anuncia o orgulho que sente pelo seu filho ilustre. O cantor, compositor e multi-instrumentista que transitava pelos estilos do forró, samba e outros ritmos nordestinos, tem sua história preservada neste memorial. Com um acervo com roupas, instrumentos, discos, recortes de jornais da época do auge, o turista pode conhecer a fundo a história desse grande artista paraibano.
Teatro Santa Ignêz
Com arquitetura clássica e estilo italiano, é o terceiro mais antigo do estado. Construído em 1905, é, atualmente, símbolo da cultura da cidade.
Emancipação
Alagoa Grande foi emancipada em 1864 e elevada à categoria de cidade em 1908. Antes fazia parte do município de Areia, até meados do século 19. Neste período, a região teve um notável desenvolvimento, baseado na agricultura da cana-de-açúcar. A exploração da mão de obra escrava foi fundamental para esse crescimento. No centro da região, ainda é possível encontrar casarões construídos por escravos, que servem como testemunho da prosperidade econômica daquele período.
A preservação das características originais do período colonial na Paraíba permitiu que a cidade tivesse seu Centro Histórico delimitado e protegido desde 2002, por meio do Decreto n.º 23.551. Atualmente, o município integra um conjunto de Centros Históricos protegidos pelo Iphaep, que reconhece a importância de sua memória edificada.
Texto de Camila Monteiro para o Jornal A União/Reprodução
Foto no texto: Divulgação/Prefeitura de Alagoa Grande
Foto/capa: Divulgação