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Suspeita de vender quadros e aplicar golpe milionário na mãe morre ao cair de prédio no Rio

Sabine Boghici, 49, morreu na tarde desta quinta-feira (14) após cair do quinto andar de um prédio no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro. Ela chegou a ser socorrida pelos bombeiros e levada para o hospital, onde foi constatada a morte. Sabine respondia em liberdade pela acusação de estelionato, roubo, extorsão, associação criminosa e cárcere privado contra Geneviève Boghici, 84, sua mãe. Ela e outras seis pessoas foram denunciadas por suspeita de desvio de obras de arte e joias, em um golpe de cerca de R$ 720 milhões.

Ela morava na casa da filha de Rosa Stanesco, sua esposa e, segundo a investigação, sua comparsa nos crimes. Rosa continua presa. Uma carta de despedida supostamente escrita por Sabine e endereçada a Rosa foi encontrada no apartamento. O caso foi registrado na 15ª DP (Gávea).

As duas eram casadas em comunhão universal de bens, segundo documentos que constam no processo. A mãe de Sabine, que mora em Copacabana, seria informada na manhã desta sexta (15) da morte, segundo uma pessoa próxima.

As defesas dos suspeitos sempre negaram as acusações. Em nota publicada em março, quando Sabine deixou a prisão, o advogado Vanildo Júnior afirmou que “a acusação apresenta fundamentação frágil e amparada exclusivamente na palavra da vítima, em represália a contestação da sua inventariança e pelo fato da não aceitação do relacionamento homoafetivo da sua filha”.

ENTENDA O CASO

Conforme a denúncia da Promotoria do Rio de Janeiro, os crimes de cárcere e desvio das obras teriam ocorrido entre janeiro de 2020 e abril de 2021.

Inicialmente, Geneviève teria sido convencida por supostas videntes a pagar por um tratamento espiritual que evitaria a morte de Sabine. Na ocasião, a idosa foi abordada na rua por uma das envolvidas dizendo que em breve a filha “iria morrer por influência de um espírito”, mas que ela poderia evitar esse destino.

Ela então teria realizado oito transferências que totalizaram R$ 5 milhões em duas semanas. Depois disso, passou a desconfiar que estaria sendo vítima de um golpe. À polícia ela disse que, ao se recusar a continuar com os depósitos, foi mantida em cárcere privado pela filha no apartamento da família, em Copacabana.

Geneviève disse ainda que a filha a obrigou a fazer faxina na cobertura, incluindo a limpeza das fezes de 20 cachorros que pertenceriam a Sabine. Em uma ocasião, um dos animais a mordeu, segundo ela.

Ainda segundo ela, joias e obras de arte foram retiradas de sua residência com a justificativa de que seriam benzidas. Entre elas o quadro “Sol Poente” (1929), de Tarsila do Amaral, que fora encontrado pelos investigadores debaixo de uma cama. Somente as obras que estão atualmente expostas no Malba (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires) não foram recuperadas.

Sabine ganhou a liberdade em março deste ano, mas não poderia se aproximar da mãe. Geneviève tentou, em outra ação judicial, torná-la indigna da herança, mas desistiu do processo. E continuou a pagar o plano de saúde da filha.

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