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Polícia investiga mortes simultâneas de idosos em clínica particular

Deu na Folha de S. Paulo:

A Polícia Civil investiga a causa da morte de idosos em menos de 24 horas em uma instituição de longa permanência no Jardim Japão, zona norte da capital paulista. Foram três mortes da tarde do dia 19 até a madrugada do dia 20, mas somente dois boletins de ocorrência foram elaborados.

O primeiro óbito, o de uma mulher de 95 anos, ocorreu na tarde de terça-feira (19). A família não comunicou o fato à polícia e, por isso, não está sendo investigado. No início da madrugada de quarta (20), morreram João Guilherme Filho, 71, e Ordália Maria Marques Dias, 78. Segundo familiares, os dois idosos tiveram sintomas como febre e diarreia.

No dia 18, cerca de 40 moradores da casa foram vacinados com uma dose de reforço contra o coronavírus e outra de influenza (gripe). As vigilâncias sanitárias da cidade e do estado de São Paulo formaram uma comissão para apurar o caso e informaram que está totalmente afastada qualquer possibilidade de ligação entre as mortes e alguma reação das vacinas. Ambas as instâncias consideram as investigações encerradas.

“Os laudos periciais constataram que as mortes foram causadas por tromboembolismo pulmonar e foram analisados pela autoridade policial. Os frascos de vacinas dos mesmos lotes aplicados nos idosos foram apreendidos e enviados ao Instituto Adolfo Lutz para que fossem submetidos às perícias pertinentes”, diz a SSP em nota. “As investigações prosseguem para esclarecer todas as circunstâncias das mortes”, completou a secretaria.

Na semana das mortes, equipe das vigilâncias sanitárias da cidade e do estado de São Paulo foram ao local e se reuniram com os proprietários do estabelecimento, que é particular.

Em seu relatório, escrito na sexta (29), o Centro de Vigilância Epidemiológica, órgão estadual, afirma que passou a investigar um possível evento adverso após aplicação da vacina contra Covid da Janssen e contra influenza do Butantan e concluiu que não há relação causal. “Os três idosos faleceram entre 24 e 36 horas após a vacinação, portanto o período não compatível para um quadro de STT [Síndrome de Trombose com Trombocitopenia]”, diz o CVE.

O fenômeno trombótico, segundo o centro, é um evento extremamente raro e é mais comum entre os mais jovens. “O início dos sintomas acontece a partir do quarto dia após a vacinação. Além disso, é esperada plaquetopenia [plaquetas baixas]”, diz o laudo.

Um hemograma realizado em um dos idosos apresentou níveis normais de plaquetas.

“A vacina Covid-19 do laboratório Janssen, do mesmo lote usado na ILPI, foi aplicada em 229.399 pessoas com mais de 60 anos de idade” na cidade de São Paulo sem registros de eventos adversos, escreveram os especialista do centro.

“O município de São Paulo recebeu 206.520 doses da vacina influenza do laboratório Butantan. Quase todas as doses foram aplicadas e não houve registro de eventos adversos graves pós-vacinação”, concluíram.

O órgão da prefeitura foi na mesma linha, afirmando que “o grupo de trabalho de Eventos Adversos Pós-Vacinação” concluiu que os três óbitos não têm relação com a vacinação contra a Covid-19″.

Já a assessoria do Ministério da Saúde disse, por telefone nesta terça (3), que foi comunicado pela secretaria estadual de São Paulo e que o assunto está encerrado.

A pasta reforçou que “tromboembolia pulmonar é um evento frequente em idosos acamados, especialmente com comorbidades e quadros infecciosos, de múltiplas causas possíveis”.

À polícia, uma funcionária da clínica contou que quase todos os idosos do local “tiveram diarreia e/ou vômito”. O relato consta nos boletins de ocorrência.

De acordo com o médico João Roberto Oba, presidente da Associação dos Médicos Legistas do Estado de São Paulo (Amlesp), a tromboembolia pulmonar é um quadro comum entre a população idosa. Ele falou de forma geral, sem se referir aos casos em específico.

“O agente biodinâmico é qualquer alteração interna ou externa do organismo, o que provoca um choque ou a insuficiência múltipla de órgãos. Dentre essas alterações, o tromboembolismo pulmonar“, explica o especialista.

“Os pacientes idosos têm propensão [ao tromboembolismo pulmonar] porque ficam mais acamados ou sentados, isso favorece a formação de coágulos”, completa.

A Anvisa disse na semana passada que não recebeu notificações sobre os três casos, mas que acompanha as investigações junto ao Comitê Interinstitucional de Farmacovigilância de Vacinas e Imunobiológicos (Cifavi).

FOTO: Reprodução/Google Street View

Matéria reproduzida do site www.folha.uol.com.br

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