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Amália Lucy, única filha do ex-presidente Geisel, morre aos 78 anos

Aos 78 anos, morreu na noite de hoje (sábado, 17) Amália Lucy Geisel, única filha viva do casal Ernesto e Lucy Geisel. Em tempos de notoriedade de filhos de presidentes, Amália foi um renitente ponto fora da curva. Ela teve momentos de fama em 1974, quando Julinho da Adelaide, compôs “Jorge Maravilha”, onde um verso dizia que “você não gosta de mim, mas a sua filha gosta”. (via Folha de S. Paulo)

Coisa que só acontece em ditadura. Julinho da Adelaide não existia, era Chico Buarque de Holanda driblando a censura. “Você”, seria o então presidente Ernesto Geisel e a filha seria Amália Lucy. Falso, Chico Buarque desmentiu que houvesse o recado. Geisel nunca disse que não gostava de Chico e Amália, ao saber da história, desmentiu que gostasse dele. Era impossível atribuir-lhe o menor gesto que a afastasse publicamente do pai. Tudo indica que gostasse de Chico Buarque.

Logo após a transmissão do cargo no parlatório do Palácio do Planalto, o presidente Ernesto Geisel acena para populares na Praça Três Poderes durante cerimônia de sua posse, em Brasília (DF). Da esq. para dir.: a mulher, Lucy, Geisel, a filha Amália Lucy, e o vice-presidente Adalberto P. Santos – Folhapress

Um dia ela chegou à casa de seu amigo Humberto Barreto com um pequeno pacote e disse que eram remédios para uma pessoa presa. Meses depois, lembrada do caso, desmentiu-o. Fazia, mas não falava. Fora da esfera pública, era mau negócio patrulhá-la.

Nos primeiros meses de 1974, quando o general Ernesto Geisel já era presidente eleito, ela fez saber à segurança do general que iria ao aeroporto esperar uma amiga que vinha da Europa depois de visitar o irmão, banido em 1971, depois de uma troca de setenta presos por um embaixador sequestrado.

O coronel que chefiava a segurança do presidente eleito tentou impedir o gesto, sem sucesso.

Formada em História pela PUC do Rio, ela obedeceu ao pai quando ele pediu que deixasse o emprego que tinha no no Ministério da Educação. Passou os quatro anos da presidência do pai matando o tempo em recepções diplomáticas. Nos fins de semana vigiava as luzes dos carros que se aproximavam ao palácio da Alvorada, torcendo para que fossem visitas. Eram apenas turistas.

Entre 1969 e 1974 Amália Lucy foi a sobrinha do ministro do Exército e filha do presidente da Petrobrás. De 1974 a 1979, única filha do presidente da República. Nunca deu entrevistas, não revelou hábitos, não se casou e viveu em silêncio numa família marcada pela morte do irmão mais velho. Orlando Geisel Sobrinho morreu aos 17 anos, colhido por um trem em Quitaúna (SP) quando se preparava para o vestibular do Instituto Tecnológico da Aeronáutica.

Amália nunca se meteu em política, muito menos em negócios de qualquer espécie. Quando viu a notícia de que os presentes recebidos por um ex-presidente estavam indo a leilão, chamou o Instituto do Patrimônio Histórico para inventariar todos os objetos presenteados a seu pai. Eles deveriam ser remetidos a museus públicos. Como historiadora, reservava-se o direito de decidir qual peça iria para qual instituição.

Amália Lucy nunca se casou e morreu depois de passar sete meses internada, com um tumor na cabeça. Em maio passado morreu Humberto Barreto, a quem Geisel estimava como um filho.

Foto: Reprodução

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