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Políticos aderem à moda “nevou” neste Carnaval; jornalista explica tendência

A moda não é nova, mas agora chegou à política e aparece até com glamour. Depois do prefeito de Recife, João Campos (PSB), entrar na brincadeira do “nevou” e descolorir seu cabelo para o Carnaval, na Paraíba os deputados Chió e Felipe Leitão apareceram com os cabelos platinados. Chió havia lançado um desafio: alcançar ao menos 40 doações de bolsas de sangue na campanha lançada pelo Hemocentro, em João Pessoa.

Em Pernambuco, o irmão do prefeito, deputado federal Pedro Campos, apareceu de barba, cabelo e bigode descoloridos, atendendo um pedido da esposa.

A estética do “nevou” é uma técnica usada para platinar o cabelo, deixando totalmente descolorido até ficar branco, e ganha força entre os jovens nesse período, mas não é nenhuma novidade, inclusive entre artistas. Trata-se de uma derivação da técnica “loiro pivete”, dos anos 2000.

Antes marginalizado, por surgir das periferias das cidades e de bailes negros cariocas, o estilo agora foi glamourizado. O estilo apareceu, pela primeira vez, em 1997, após integrantes do grupo Funk n’ Lata aparecer com os cabelos amarelados, quase brancos. A técnica foi sendo aprimorada, e hoje a moda é a tonalidade branco neve.

Jornalista entrou na moda desde 2001

Chrigor do Exaltasamba e Belo, mantêm os cabelos descoloridos há tempos

O “nevou” se tornou um dos penteados mais característicos da população negra e periférica, assim como aconteceu com o “Black Power”. Aos poucos, a moda vem quebrando a resistência contra a cultura negra.

O jornalista Wagner Lima (foto ao lado), do Jornal A União, descoloriu a cabeleira várias vezes. “A primeira vez que descolori o cabelo foi no Carnaval de 2001 para sair no Cafuçu. De lá pra cá passei a descolorir ou deixar platinado no verão e no Carnaval. É uma forma de mudar o visual e de contestar essa ideia de que há um cabelo de marginal, como se criou esse estigma”, explica. Neste ano, ele platinou o cabelo já bem próximo ao Carnaval, “e vejo que a reação agora é mais aceita do que lá atrás, quando olhavam pra gente com cara de reprovação”.

“O Carnaval proporciona essa liberdade de brincar com o corpo, cabelos e a aparência. O nevou é uma cultura das periferias das grandes cidades – e não só do Rio de Janeiro – que vem ganhando adeptos no meio artístico e na moda, o que ajuda a diminuir o preconceito. Vai em um degradê de deixar ele descolorido amarelo até o platinado cinza. Na periferia, os jovens colocam o pó descolorante ou as tintas removíveis pra brincar com a própria aparência e isso tem muito a cara do Brasil nas periferias e no verão/Carnaval”, diz o jornalista.

O ator Caio Castro também já apareceu de cabelos nevados, assim como os jogadores de futebol Neymar e Gabigol. No Rio de Janeiro, o barbeiro Altair, conhecido como Ratinho, explica o processo: “A gente descolore o cabelo todo para poder ficar bem loiro e passa umas duas ou três mãos para fazer o ‘nevu’ para clarear. É o último tom do loiro”, diz o profissional, que desde o fim do ano teve um aumento absurdo no movimento da barbearia. “Aumentou 70% a procura pelo serviço”

Da redação

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