ColunasGisa Veiga

A dissonância cognitiva bolsonarista

Gosto de assistir aos vídeos do Instituto Conhecimento Liberta (ICL) pelo Instagram. Recomendo a quem não é fã de fake news. Evita a chamada dissonância cognitiva que assola, por exemplo, bolsonaristas que vão às ruas afirmar que são cristãos e que Israel (não cristão) os representa, que dizem participar da manifestação de domingo passado, na Av. Paulista, por defender a democracia, mas apoiam a tentativa de golpe de Estado que o ex-presidente Jair Bolsonaro acalentou e alimentou.

A tal pós-verdade, origem das fake news, é aquela em que a pessoa quer muito acreditar numa mentira que espelha suas afinidades sociais, ideológicas e políticas, por exemplo. Ela quer tanto que aquilo seja verdade que, sem fazer qualquer tipo de questionamento, engole aquela desinformação e a reproduz, alimentando uma ilusão caótica coletiva e uma verdadeira indústria de notícias falsas.

Vi no ICL o professor João Cezar de Castro Rocha explicar, com base em Sigmund Freud, a diferença entre erro e ilusão. O erro é um equívoco, que pode ser corrigido a qualquer tempo. A ilusão é a projeção de um desejo.

Diz o professor que quando o erro se transforma em ilusão, e esta se torna coletiva, acaba virando uma realidade política objetiva.

Pois é, professor. Uma política objetiva perigosíssima para a democracia que eles, na prática, combatem, e parecem não se dar conta de que ela é o avesso de uma ditadura. Que perigo saber que pessoas que levam o celular à cabeça e chamam por extraterrestres conservadores votam. Cantam hino nacional para pneu e votam.

Sempre achei que existe uma deficiência cognitiva aguda e preocupante entre esses bolsonaristas mais raivosos, que vivem num universo paralelo.

Como vivem? O que pensem? O que leem? O que comem? O que cheiram?

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