ColunasGisa Veiga

A direita rachou

A direita rachou no Brasil. E, embora já haja gestos para amenizar os estragos entre seus componentes, após a votação da reforma tributária, as feridas ainda estão abertas.

Político experiente é aquele que aguça sua visão para além de fatos comezinhos para enxergar um panorama mais amplo. Todo gesto político tem sua consequência – imediata ou a longo prazo.

No PL paraibano, duas figuras que se antagonizam revelam seus perfis na decisão que tomaram, ontem, na votação da reforma tributária. O deputado federal Wellington Roberto, presidente estadual do partido, comunga do pensamento do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para quem o preço pelo bolsonarismo cego e estúpido, de votar contra só pra contrariar, pode ser caro demais não apenas para sua imagem política, mas para o país.

Wellington votou pela aprovação da reforma. Não é um bolsonarista desmiolado e inconsequente, como a maioria movida apenas pelo ódio. Nilvan Ferreira aproveitou a oportunidade para detonar Wellington Roberto, dizendo que ele provou não ser bolsonarista. Simples assim?

O deputado federal Cabo Gilberto, de linha mais dura, votou contra, o que já era esperado. Só para agradar a um “chefe” que agora é inelegível e acaba de amargar mais uma derrota, com o resultado da votação da reforma.

Tarcísio havia alertado, ontem: se a direita votar contra, perde o discurso de meia paternidade de um projeto que dorme há décadas no Congresso Nacional e que é do interesse nacional. E agora o PT leva como patrono, embora não o seja, uma vez que o projeto original é de autoria do deputado Baleia Rossi, do MDB.

Foi uma votação histórica. Todos sabiam que o assunto seria tratado assim. Uma ótima oportunidade para se agir com maturidade que foi perdida pelos bolsonaristas mais radicais.

Tarcísio não foi ouvido, foi calado em uma reunião do PL. Está aí o resultado. O PT leva a paternidade da reforma. Como diz Bolsonaro, “a reforma do PT”. Resta espernear e chorar mais uma derrota.

Direita não tem que ser burra. Até na ditadura militar havia inteligência sobrando. Mas, no Brasil, direita e extrema-direita se fundem num só grupo que é só amargura, ódio, desinformação e, muitas vezes, burrice.

Os linhas-duras confiam que o seu eleitorado continuará tendo o ódio como combustível e a desinformação como um véu que encobrirá para sempre a realidade. E a esse eleitorado querem agradar com atitudes estúpidas. Planejamento estratégico passa longe desse grupo.

Pura estultícia.

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