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Zona da Mata registra baixo volume de chuvas este ano e leva safra 2021/22 de cana-de-açúcar da PB à uma estimativa de 20% de queda

Presidente da Asplan, José Inácio, lamenta perda na safra canavieira por falta de chuvas

A análise estatística da precipitação pluviométrica para uma determinada região possibilita um melhor planejamento da agricultura, minimizando os impactos (armazenamento d’água) que possam ser ocasionados por um eventual período de seca. Na Paraíba, é sabido que as chuvas não se distribuem homogeneamente ao longo do ano. No entanto, em 2021, segundo dados da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba – AESA, um desvio climatológico de -35,9% em relação à média da climatologia da mesorregião da Zona da Mata pegou todos de surpresa e a escassez de chuvas impactou diretamente a produção de cana-de-çúcar no estado. Relatos de produtores de cana na zona da mata destacam redução de 20% da safra 2021/22. Em outras regiões do litoral esse prejuízo chega a mais de 30% da safra.

 

Na Zona da Mata choveu, entre janeiro e dezembro de 2021, 1016,1 mmm, enquanto que a média histórica é de 1586,0 mm, ou seja, deixou de chover 569,9 mm, uma redução de 35,9% de sua precipitação. De acordo com a AESA, quando se observa as Microrregiões, existem localidades passando por frustrações piores como a microrregião Litoral Norte, composta por 13 postos de observação, e onde a redução é de 46% da precipitação média, ou seja, de janeiro a dezembro registrou-se uma média de 874,6 mm de chuvas, mas a média histórica é de 1621,8 mm para o Litoral Norte, registrando esse desvio de -46,1%. Na microrregião deixou de chover 747,2 mm.

 

A microrregião de Sapé composta pelos municípios de Mari, Sobrado, Riachão do Poço, Cruz do Espírito Santo, Pilar, Juripiranga, São José dos Ramos e São Miguel de Itaipu é composta por 9 postos de observação. Nessa região a redução é ainda mais acentuada: cerca -58%. Sendo a pior: média em 2021 de 589,9 mm, quando a média histórica é de 1.408,1 mm. Uma redução de 818,2 mm de chuva no ano. “Esses dados mais do que explicam todo esse cenário caótico vivido pelos produtores de cana, que em muitos casos não têm condições nem de salvar os seus canaviais com a irrigação, passando o prejuízo para os outros anos que ainda teriam de colheita da socarias”, disse o diretor técnico da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), Neto Siqueira.

 

O engenheiro agrônomo da Associação, Luís Augusto, que também é coordenador do Departamento Técnico – Detec, confirma a situação de dificuldade dos produtores com a falta de chuvas, e lembra que a Paraíba possui cerca de 80% da sua área inserida no semiárido nordestino e apresenta alta irregularidade pluviométrica. Para se ter uma ideia, uma pesquisa de acompanhamento de 27 anos de precipitações na capital paraibana, João Pessoa, publicada na revista eletrônica Brazilian Journal of Development, em julho de 2021, mostra que os valores obtidos durante o período não indicam nenhum tipo de regularidade ou padrão. Segundo o artigo, em João Pessoa o ano mais chuvoso foi 1994, com 2804,4 mm e o ano que apresentou o menor valor de precipitação foi 1999, com 972,9 mm. “Esses dados mais do que explicam todo esse cenário caótico vivido pelos produtores de cana. Que, em muitos casos, não têm condições nem de salvar os seus canaviais com a irrigação, passando o prejuízo para os outros anos que ainda teriam de colheita da socarias”, reitera Luís.

 

Em 2021, choveu em João Pessoa, de janeiro a dezembro, o equivalente a 1644,7 mm. A média histórica da cidade é de 1.728mm, o que demonstra um desvio pequeno de -4,8%,deixando de chover apenas 83mm no período. Foi um ano aproximado do esperado, portanto, o que não aconteceu para o restante do estado.

 

A falta de chuvas é o único e exclusivo motivo para queda

 

Os efeitos climáticos adversos durante o ciclo produtivo da cana-de-açúcar é a principal causa da redução do quantitativo da safra 2021/2022 em todo o país. Estima-se uma queda de pelo menos 9,5% em todo o Brasil, segundo relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgado em agosto.

 

No entanto, o presidente da Asplan, José Inácio de Morais, alertou que o cenário pode ser ainda mais grave, tendo em vista que a Conab não inclui no levantamento de dados a safra de produtores independentes, fornecedores e associados. “Aqui tem produtores falando em queda de 30%. A Conab fez o levantamento dela com base em dados das indústrias e não na nossa realidade que é bem mais complicada haja vista que o pequeno e médio produtor não tem recursos para investir em irrigação e depende, exclusivamente, da chuva para ver sua lavoura prosperar”, ressaltou o dirigente.

 

Já em relação à qualidade da cana, vale ressaltar que a falta de chuvas tende a aumentar o teor de açúcares totais recuperáveis (ATR) o que, associado ao melhor manejo dos canaviais, também pode ajudar a reduzir as perdas esperadas para este ano. “A questão aí é compensatória. No entanto, é preciso mais investimento em variedades resistentes à seca, irrigação e manejo do solo já que somente isso não chega a compensar a quebra da safra por falta de água”, conclui José Inácio de Morais.

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