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iFood reajusta taxa mínima e amplia benefícios para entregadores — mas será o suficiente?

Em meio a um cenário de crescentes reivindicações por melhores condições de trabalho e remuneração mais justa, o iFood anunciou, nesta terça-feira, um novo pacote de medidas voltadas aos entregadores da plataforma. O destaque é o reajuste na taxa mínima por entrega, que passa de R$ 6,50 para R$ 7,00 (bicicletas) e R$ 7,50 (motos e carros), representando aumentos de até 15,4% — acima da inflação de 2024, que foi de 4,8% segundo o INPC.

O movimento da empresa sinaliza uma tentativa de resposta às críticas constantes recebidas de trabalhadores e especialistas, que há anos denunciam a precarização da atividade e a falta de proteção efetiva aos entregadores. Segundo o iFood, os reajustes são resultado de um diálogo contínuo com os próprios entregadores, mas ainda assim levantam questionamentos: o aumento cobre, de fato, os custos crescentes com combustível, manutenção de veículos e condições adversas de trabalho?

Além do reajuste, a plataforma anunciou outras iniciativas: a padronização das rotas para bicicletas (em média até 4km), a ampliação do seguro pessoal gratuito e o reforço em ações de apoio social e educacional. O seguro, por exemplo, passa a oferecer cobertura de até 30 dias em caso de afastamento e indenização de até R$ 120 mil por morte ou invalidez.

As entregadoras mulheres também contarão com coberturas específicas, como auxílio em casos de câncer, gestação e licença para cuidados com filhos enfermos — uma sinalização importante em termos de inclusão e reconhecimento das necessidades de gênero no setor.

Na área da educação, o programa “Meu Diploma do Ensino Médio”, lançado pelo iFood, oferecerá 35 mil bolsas 100% gratuitas em 2025. Desde sua criação, cerca de 11 mil pessoas já concluíram os estudos com apoio da iniciativa, e 45% relataram aumento de renda após a formação.

Um passo à frente, mas a corrida continua

Embora as medidas representem avanços inegáveis — sobretudo em comparação com os anos anteriores —, ainda pairam dúvidas sobre sua efetividade no cotidiano dos entregadores. O mercado segue em movimento, e com ele, as expectativas de trabalhadores que, muitas vezes, enfrentam jornadas exaustivas e ganhos variáveis para garantir o sustento.

A valorização prometida pelo iFood é bem-vinda, mas precisa ser acompanhada de monitoramento real dos impactos e, principalmente, de uma escuta ativa que vá além dos números.

No fim das contas, a pergunta que fica é: essas melhorias mudarão, de fato, a realidade de quem pedala ou pilota pelas ruas todos os dias? O tempo — e os próprios entregadores — dirão.

Redação

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