ColunasGisa Veiga

Um dia triste

Grotesco, pavoroso, deplorável, medíocre, sinistro. Assim foi o discurso do presidente Bolsonaro, em pleno 7 de Setembro, para uma multidão no Rio de Janeiro – na presença de crianças, inclusive. Puxou um coro de “imbrochável, imbrochável”, esquecendo-se da importância dos 200 anos da independência do Brasil. Um presidente aparvalhado, sem postura, que sempre ignora a chamada “liturgia do cargo”.

Mais sinistro, ainda, é observar que há tantos brasileiros que acham isso engraçadinho. No Twitter, vi o comentário excelente de uma internauta: “Imagina uma presidenta mulher gritando para o público: – repitam comigo: ‘molhadinha! molhadinha!’. Foi mais ou menos o que o bolsonaro fez hoje”. Foi mesmo, @cynaramenezes. Mas num presidente misógino e repugnante em suas atitudes para com as mulheres, tudo parece ser normal, engraçado. Pelo menos para seus seguidores e seguidoras machistas.

No mínimo, foi um péssimo exemplo, como bem lembrou outro internauta: “A esquerda é um péssimo exemplo para as famílias, disse Bolsonaro, gritando ‘imbrochável’ para milhares de famílias com crianças assistindo”. Pois é, @PedroRonchi2.

Além disso, há de se perguntar: por que Bolsonaro tem tanta fixação em propagar a todos os brasileiros o seu desempenho sexual? Simone de Beauvoir já dizia: “Ninguém é mais arrogante, violento, agressivo e desdenhoso contra as mulheres do que um homem inseguro de sua própria virilidade”. Frase que se aplica, hoje, ao presidente.

O 7 de Setembro de 2022 foi realmente um dia esquisito, sombrio. No mínimo triste, como twittou Randolfe Rodrigues (@randolfeap): “O 7 de setembro de 2022 foi sequestrado por uma facção. A nossa bandeira, o nosso hino, não pertencem a um grupo. Pertencem a todos os brasileiros! Foi assim que o povo brasileiro forjou essa pátria ao longo de 200 anos. Hoje acabou sendo um dia triste!”.

Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) disparou no Twitter: “Se Freud estivesse vivo, em 7 de setembro de 2022, ele diria: Não há nenhum sinal maior da insegurança masculina do que ter que se declarar ‘imbroxável’ aos gritos numa praça pública”.

Marina Silva @MarinaSilva foi firme: “Triste a Nação que no Dia da Independência assiste a cenas vulgares protagonizadas por quem lhe quer impor o grilhão da baixaria, da mediocridade e do desprezo pelos vulneráveis. É hora de nos livrarmos desse usurpador da nossa democracia.”

Lula (@LulaOficial) lembrou: “Nunca utilizamos um Dia da Pátria para campanha eleitoral. Ao invés de discutir os problemas do Brasil, Bolsonaro me ataca, ao invés de explicar como a sua família juntou 26 milhões em dinheiro vivo para comprar 51 imóveis. O Brasil precisa de amor, não de ódio”.

Nem explicou, nem vai explicar, Lula. E seus seguidores, como sempre, fazem vistas grossas a todos os atos de corrupção de seu governo.

Termino essa coluna com o comentário de @ThiagoResiste: “Pra fechar o dia, Bolsonaro é xingado e vaiado por 80 mil pessoas no Maracanã”.

Ah, bom.

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