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Serraria faz homenagem ao jornalista e músico Wellington Farias

Recitais de música e de poesia, oficina de literatura e lançamento de livros marcaram a programação do festival Caminhos do Frio 2024 em homenagem ao jornalista Wellington Farias, realizada no último sábado (3), no município de Serraria. Organizado e sediado pela Casa de Wellington Farias (onde funcionam o Ponto de Cultura Roberto Luna e a Escola de Música Geraldo Cunha Lins), com apoio da prefeitura da cidade, o justo tributo foi elaborado especialmente para lembrar o trabalho do intelectual serrariense — falecido em outubro do ano passado, aos 67 anos, vítima de câncer.

Refletindo seu apreço e engajamento pela cultura, a homenagem a Wellington começou com uma bela peça teatral, representando não somente a trajetória do jornalista, mas a história dos engenhos, que impulsionaram a economia de Serraria no século 18 e a importância do Movimento Armorial. Fundada na década de 1970 pelo poeta e dramaturgo Ariano Suassuna, também paraibano, essa corrente artística, inspiração para o tema da edição deste ano do Caminhos do Frio, defendia a criação de uma arte erudita, autenticamente brasileira, com base nas raízes populares da cultura nordestina. Além de autor de reportagens e comentários políticos de impacto, Wellington era, igualmente, um defensor das tradições artísticas regionais, assim como grande conhecedor e admirador da obra de Ariano.

A também jornalista Eloise Elane, esposa do filho ilustre de Serraria, expressou alegria sobre a coincidência de seu marido ter sido homenageado junto ao famoso escritor de “O Auto da Compadecida”, imaginando um encontro entre os dois. “Eu acredito que eles confabularam lá no ‘além’ e tramaram essa homenagem, porque Wellington foi um apaixonado pelo Movimento Armorial, pela obra de Ariano Suassuna. Ele falava sobre seu encantamento pela obra de Ariano para os alunos e para todos”, destacou Eloíse, salientando a importante atuação de Wellington como professor na Casa de Wellington Farias — sua própria residência no município, aberta para acolher crianças e adolescentes serrarienses por meio da educação em música e cultura.

Para perpetuar o legado de seu fundador, o local se prepara para uma nova fase. “Wellington sempre falava que queria oficializar esse espaço, criar um estatuto para formalizar tudo de fato e direito. Então, agora, nós estamos formalizando tudo para dar continuidade a esse projeto maravilhoso”, explicou Eloise.

Ao seu lado, estão parceiros como Janilson Fialho, ex-aluno de Wellington, que é o atual responsável pelas aulas de música na Casa, além de cuidar do acervo da biblioteca deixada por seu professor e de manter o grupo de leitura Confraria das Traças.

Entre as atividades do evento em Serraria, foram promovidos, ainda, recitais musicais com instrumentos de corda e de sopro, realizados por ex-alunos de Wellington, além do lançamento dos livros “A Princesa do Brejo” e “O Poeta e as Margaridas”, do escritor e jornalista José Nunes, também nascido no município. Outro destaque da programação foram as ações do grupo Poética Evocare, que ministrou uma oficina de leitura sobre poemas de Ariano Suassuna e o recital de poesia “Horizonte Mirado na Lupa”, baseado em antologia organizada pelo poeta Lau Siqueira. A professora e poetisa Marineuma de Oliveira, idealizadora e coordenadora do grupo, reconheceu a emoção em participar do tributo. “Wellington era um admirador do grupo Poética Evocare e, quando nós apresentamos o espetáculo ‘Dom’, Wellington e Eloise foram assistir e fizeram um belíssimo vídeo, que nós ainda temos no YouTube. Percebi sua admiração por Ariano”, pontuou.

 

Texto de Teresa Duarte para o Jornal A União desta quarta-feira, 7/8
Foto: Teresa Duarte

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