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ESPECIAL – Construtoras apontam aumento crescente de clientes de fora da PB que compram imóveis na capital

É alto o número de opções e condições para a compra de imóveis em João Pessoa, mas um nicho em específico tem se destacado no últimos anos, que são os moradores de outras cidades e estados que buscam um imóvel na capital paraibana. Para se ter uma ideia, são de fora da Grande João Pessoa, cerca de 67% dos clientes da construtora MRV.

De acordo com a empresa, eles vêm, majoritariamente, de cidades do interior da Paraíba e de outras regiões do Brasil, principalmente Norte, Centro- -Oeste e Sudeste. Já a construtora Alliance informou que pelo menos 30% dos seus clientes são de outras regiões.

De acordo com o diretor comercial e de marketing da empresa, André Araújo, de todos os imóveis que são vendidos, quase um terço é para pessoas de outras regiões. Segundo ele, nos últimos dois anos, o aumento no número de interessados pela capital é perceptível, devido à presença crescente de turistas e potenciais investidores, fato que reflete diretamente no fluxo de negócios e oportunidades.

André Luiz Varela, gestor comercial da MRV, afirmou que a participação de clientes de outros estados é uma realidade crescente desde 2022. O diretor comercial da Alliance concorda e afirma que “a expectativa para os próximos meses é positiva, pois a cidade está se preparando para receber um maior número de visitantes, que acabam se encantando pelo estilo de vida que João Pessoa oferece. Jardim Oceania, Bessa, Manaíra, Tambaú e Cabo Branco são os principais bairros de João Pessoa procurados por pessoas de fora do estado, que, por algum motivo, escolheram a capital para morar ou empreender. A média de preços do metro quadrado dos três primeiros bairros variam de R$ 10 mil a R$ 11 mil, sendo Tambaú e Cabo Branco os mais caros, na faixa de R$ 15 mil a R$ 17 mil.

O diretor do Conselho Regional de Corretores de Imóveis na Paraíba (Creci-PB), Glauco Morais, explica que João Pessoa é vendida para todo o Brasil, principalmente para estados como São Paulo, Brasília, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A região que dificilmente compra é o Norte. Para Glauco, o principal motivo para o público de fora adquirir um imóvel na capital paraibana é que ele se apaixona pela cidade. Ele conta que os clientes ficam encantados pela geografia, cultura, orla, atrativos naturais, além da gastronomia.

“Aqui é muito tranquilo, quando comparamos com cidades grandes. Quem vem, avalia o custo de vida daqui”. Foram fatores como esses que convenceram a agricultora Eliane Borges da Silva de Melo, natural do Paraná. Ela disse que ter um imóvel no Nordeste era um sonho antigo. Antes de optar por João Pessoa, fez pesquisas e, inclusive, passou temporadas em outros estados nordestinos. “Mas, a amabilidade do povo daqui, a infraestrutura e a beleza das praias me cativaram e a minha família”. Os imóveis mais procurados são apartamentos pequenos, em sua maioria, com um ou dois quartos.

ormalmente, segundo Glauco, o perfil dos clientes que vem de fora, opta por adquirir uma moradia aqui e alugar por temporada quando não o estiver usando. “A maioria desses imóveis são bem localizados e com excelente padrão de qualidade”, pontuou. A agricultora explica que a história de amor por João Pessoa começou há sete anos, quando ela e a família passaram a ficar pelo menos um mês do ano aqui, até comprar o seu próprio apartamento. Para Eliane, a cidade é o seu refúgio. A sua adaptação foi fácil, visto que o pessoense é muito amistoso. “Mantemos a nossa casa e negócios no Paraná, mas João Pessoa é o nosso segundo lar”. Eliane contou que, em 2022, comprou um apartamento e, em 2023, a sua família decidiu investir em um outro. Segundo ela, um imóvel será para sua moradia de temporada e o outro usado para locação.

VALORIZAÇÃO

Glauco Morais ressalta que João Pessoa tem vivenciado, nos últimos anos, uma valorização vertiginosa, em razão dos novos clientes de fora do estado. “A arquitetura pessoense é diferenciada, os projetos arquitetônicos daqui são belos e inovadores, isso também gera uma valorização maior”.

Além disso, outro diferencial que chama a atenção é o fato de ser proibida a construção de apartamentos acima de quatro andares na orla da capital, garantindo mais tempo de sol na praia. Ainda assim, Glauco frisa que o que tornou a cidade e o Nordeste conhecidos foram as águas mornas. “Os passeios náuticos e a temperatura da água são fatores que valorizam o mercado”.

O diretor afirma que as perspectivas para o futuro do mercado imobiliário pessoense são as melhores possíveis. “A cidade ainda está em um processo de crescimento e desenvolvimento econômico, tendo o turismo como mola propulsora. Temos o polo turístico, resorts, parque aquático em construção. Então, o turismo impulsiona o meio imobiliário e vice-versa”.

A paraense Eliane Borges explica que o mercado imobiliário de Toledo, sua cidade natal, tem outro perfil. Lá, geralmente se compra um imóvel para moradia ou locação fixa; a questão do turismo, aluguel por temporada ou diárias, é quase inexistente, comparada a João Pessoa. Segundo ela, Toledo é uma região próspera na agricultura, indústria e comércio, além da qualidade de vida ser ótima, mas foi procurando um refúgio para mudar a rotina, que ela e sua família encontrou a capital paraibana. Com um olhar analítico, ela pontua que não foi só uma escolha para o lazer, mas também comercial. “A nossa decisão em comprar o nosso imóvel e outro para locações teve como motivação o grande aumento no turismo em João Pessoa”.

 

Texto de Anderson Lima para o Jornal A União deste domingo, 15/9 

Foto: Marcos Russo/A União

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