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Dia Nacional da Consciência Negra: Brasileiros pretos morrem mais por doenças cardiovasculares do que brancos

Estudo do Instituto Nacional de Cardiologia (INC) revela também que os pretos desenvolvem as doenças dois anos antes dos brancos. Disparidade é determinada por questões socioeconômicas

Rio de Janeiro, 20 de novembro de 2024 – A mortalidade das pessoas pretas internadas com doença cardiovascular no Brasil é maior do que a registrada entre pessoas brancas. A idade média de internação dos pretos é dois anos mais baixa do que a dos brancos, o que significa que eles ficam doentes mais cedo.

Essas são as principais conclusões do estudo “Desigualdade racial e saúde cardiovascular”, lançado pelo Instituto Nacional de Cardiologia (INC), do Ministério da Saúde, em 20 de novembro, Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

O Dr. Bernardo Tura, pesquisador do Observatório de Saúde Cardiovascular do INC, responsável direto pelo estudo, afirma que a disparidade entre pretos e brancos é determinada por fatores socioeconômicos, uma vez que não há motivos biológicos relevantes que justifiquem as diferenças.

O estudo analisou os dados das Autorizações de Internação Hospitalar por diversas doenças cardiovasculares – insuficiência cardíaca e doenças coronariana, hipertensiva, valvar, cerebrovascular e reumática – de 2014 a julho de 2024, em todo o território nacional. Cabe lembrar que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil.

Em relação à cor de pele, nos últimos censos, o IBGE trabalha com as seguintes classificações: branca, preta, amarela, parda e indígena. No entanto, os pesquisadores optaram nesse estudo por unificar as cores preta e parda como preta, seguindo o entendimento atual predominante, proposto pelos movimentos populares antirracistas e os estudiosos da área.

O estudo do INC identificou que, de 2014 a 2024, a média de idade de internação dos pacientes brancos com doenças cardiovasculares foi de 63 anos e a média dos pacientes pretos foi de 61 anos. Como a internação só ocorre quando a doença está estabelecida, é correto afirmar que os pretos adoecem por doenças cardiovasculares, em média, dois anos antes que os brancos.

Outra conclusão muito importante do estudo é que, de 2014 a 2024, a mortalidade dos pacientes internados por doença cardiovascular foi de 7,8% em brancos e 8,6% em pretos.

Bernardo Tura ressalta que a idade é um fator fundamental para a morte por doença cardiovascular: quanto mais velho, maior a mortalidade. Como os pretos são internados antes (mais jovens) que os brancos, o lógico seria que a mortalidade fosse maior entre os brancos, mas é o contrário que ocorre. A conclusão é que a disparidade na mortalidade entre brancos e pretos é ainda maior do que a expressa pelos números acima (7,8% x 8,6%).

A Dra. Aurora Issa, diretora do INC, chama a atenção para a falta de estudos sobre a saúde cardiovascular da população negra.

“Não há praticamente ninguém no Brasil pesquisando esse tema. Há estudos sobre a saúde da população negra em geral, mas não especificamente sobre a saúde cardiovascular desse grupo. Essa nossa iniciativa é muito importante pela escassez de dados científicos e técnicos nessa área”, afirma Aurora Issa.

 

Foto: Ralph Rabago/Pexels

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