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Cresce número de picadas de escorpiões

Os casos de acidentes envolvendo escorpiões estão se tornando cada vez mais comuns em João Pessoa. Em média, nos seis primeiros meses do ano, mais de sete pessoas por dia deram entrada no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), após serem picadas pelo animal. As informações são do setor de doenças infectocontagiosas do hospital que, até o momento, registrou um total de 1.201 atendimentos por picadas de escorpião em 2022.

De acordo com a médica infectologista da Unidade de Doenças Infectoparasitárias do HULW, Clarissa Barros Madruga, o número de ocorrências do tipo costuma aumentar quando o clima está frio. No entanto, há um outro fator que contribui para que os números permaneçam altos ao longo do ano. Segundo ela, isso acontece “principalmente por causa das grandes áreas de desmatamento recente na grande João Pessoa, que causa a redução da população de pequenos mamíferos, como os gambás, também conhecido como timbus, que se alimentam dos escorpiões e são responsáveis pelo controle da população desses animais peçonhentos.” Além de escorpiões, “os timbus se alimentam de pequenas cobras venenosas, como a cobra coral, pois são imunes ao veneno.”

Clarissa, que também é professora da disciplina de Infectologia no curso de Medicina da UFPB, explica que as principais medidas para se proteger de acidentes com animais peçonhentos envolvem a limpeza de casa, especialmente de locais pouco utilizados, como quartos de depósito. Além disso, a coleta de lixo urbano diária é importante para prevenir o acúmulo de entulhos onde esses animais possam se esconder. Evitar o desmatamento também é fundamental, “pois, nesses ambientes, vivem os predadores naturais dos escorpiões. No caso das picadas de serpentes, é a mesma coisa: deve-se evitar invadir o ambiente natural desses répteis”

O número de picadas de outros animais peçonhentos, como serpentes, aranhas e abelhas, é bem menor que o de escorpiões. Nos últimos três anos, por exemplo, o Hospital Universitário registrou 362 acidentes com serpentes, 268 com aranhas e 8.682 envolvendo escorpiões. No entanto, “os acidentes mais graves sempre são aqueles que ocorrem com serpentes peçonhentas, como jararaca, cascavel e coral, que são as espécies mais comuns em nossa região. Caso não haja atendimento em tempo oportuno, há risco de morte. Por isso, as vítimas desses acidentes não devem demorar a buscar auxílio médico”

Em relação às aranhas, Clarissa explica que “a espécie mais comum em nossa região é a aranha marrom. Na maioria das vezes, a picada passa despercebida por ser indolor. Mas, de 24h a 48h depois desse contato inicial, surgem bolhas, que podem evoluir para úlceras, com destruição da pele ao redor do local inicial da picada. É o médico que vai indicar se o tratamento poderá ser feito com medicações tomadas em casa ou se há necessidade de internamento hospitalar para o tratamento adequado.”

No caso dos escorpiões, “a maioria não traz risco de vida, apenas uma dor excruciante no local. Quando o sintoma apresentado é apenas a dor no local da picada, é realizado um bloqueio anestésico, pois nenhum analgésico é suficiente para trazer alívio. Nesses casos, após cessação da dor com a anestesia, o paciente pode retornar às suas atividades mantendo o uso de compressas mornas locais por dois dias.”.

Quando, além da dor, os pacientes apresentam náuseas, vômitos e sudorese, há risco de vida e o paciente será internado para administração do soro antiescorpiônico e controle da dor. No entanto, independente dos sintomas, Clarissa ressalta a importância de procurar o hospital mais próximo, para garantir o atendimento correto. “Em todas essas situações descritas é fundamental a avaliação do médico no serviço de referência para indicar a conduta mais adequada.”

O QUE FAZER EM CASO DE PICADA

Os procedimentos iniciais de cada atendimento dependem do agente causador. Para acidentes escorpiônicos, a médica infectologista do HU explica que, “como medida inicial, deve ser aplicada compressa morna no local, e pode-se tomar algum analgésico comum, como dipirona ou paracetamol. Se a dor for intensa ou se a pessoa estiver apresentando náuseas, deve buscar imediatamente o serviço de referência, para serem tomadas as condutas adequadas, especialmente no caso de crianças e idosos.”

Em picadas de aranha, “não deve ser colocada nenhuma pomada no local, e o paciente deve procurar o serviço de referência.” Nos casos de acidentes com serpentes, “o paciente deve buscar o serviço de saúde imediatamente. É importantíssimo lembrar que é proibido o uso de torniquetes de qualquer tipo, ou colocação de qualquer substância no local da mordida. Deve-se apenas lavar a lesão com água e sabão, e se dirigir imediatamente para o serviço de saúde.”

Clarissa lembra também que a identificação do animal ajuda bastante na hora do atendimento, por isso, se for possível, levar o animal até o hospital, ou mesmo uma foto, pode facilitar o processo na unidade de saúde.

Transcrito do jornal A União

Foto de Engin Akyurt/Pexels

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