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Ricardo monta entrevista para conter queda livre do seu prestígio político, e cospe nos pratos que comeu

A vertiginosa queda na popularidade do ex-governador Ricardo Coutinho que detinha 63% das intenções de voto para a prefeitura da capital quando deixou o governo ainda no embalo de uma aprovação beirando os 80%, mas agora com estarrecedores 38%, abriram os olhos do socialista e ele improvisou uma entrevista com uma agência paulista desconhecida por essas bandas para fazer exatamente aquilo que os velhos caciques adoravam fazer: responder perguntas que os promove a salvadores da pátria e a insubstituíveis condutores de massa.

Ricardo e a solidão das ruas: em Jacumã, cercado por cadeiras vazias

Na sua longa e tediosa entrevista, Ricardo passa ao largo por temas desconfortáveis como o descalabro na Segurança Pública, onde apenas ele, e parciais auxiliares, festejavam números que a sociedade desconhecia já que a violência das ruas desmentia as estatísticas tão alardeadas.

No campo da Saúde preferiu se ater aos médicos cubanos, omitindo solenemente o escândalo revelado pela Operação Calvário, que arrastou para a cadeia gente do seu circulo de intimidade numa demonstração mais do que evidente de que, a entrevistas foi produzida com o intuito de resgatá-lo do descrédito produzido pelas investigações. Tão devastadoras, que fez com que caísse para 38%, das intenções de voto para prefeito, num período de nove meses de desmoronamento acelerado de sua figura pública.

A entrevista é uma ação desesperada para reverter essa queda livre e nela apenas os temas que agradam o ex-governador foram abordados, onde a bola foi colocada na marca do pênalti para ele chutar sem goleiro, ou na fita para cravar na quadra como se diz na linguagem do vôlei.

Apesar de bem montada a entrevista não consegue esconder as contradições do homem e do político, e elas saltam à vista quando responde sobre sua ascensão política e se coloca como alguém que desmontou as oligarquias paraibanas.

Omite que, sem elas jamais sairia da condição de estrela menor da constelação política paraibana já que, para chegar aonde chegou teve que se apoiar nessas estruturas arcaicas que tanto condena e despreza.

Ricardo apoiado pelos coronéis da política paraibana

Sem o apoio de José Maranhão, um dos políticos mais conservadores do Estado, jamais teria derrubado o esquema dos Cunha Lima na capital representado pelo ex-prefeito Cícero Lucena, dono de uma receptividade eleitoral que afastou das eleições municipais amazonas socialistas como Estela Bezerra.

Para chegar ao Governo do Estado em 2010 foi amparado pelo prestígio eleitoral de Cássio Cunha Lima, que o carregou pelo estado afora pedindo voto para o ilustre desconhecido, cuja projeção política, naquele momento, não atravessava a Ponte de Bayeux.

Quando as oligarquias serviram de escada, RC não hesitou

E para se reeleger governador teve que contar outra vez com o apoio de José Maranhão já que perdeu para Cássio no primeiro turno e, se não fosse à junção de forças conservadoras, ou ditas oligárquicas, não teria sucesso em 2014.

Mas, Ricardo sofre de amnésia política e não divide com ninguém os sucessos eleitorais, puxando toda brasa para sua sardinha como faz agora com João Azevedo e com aquela parte do PSB, que reage a sua prepotência eleitoral, atribuindo unicamente a sua pessoa todo êxito de uma vitória que contou com a contribuição e a participação de muitos principalmente do eleitor, incluídos, os que se deixaram sensibilizar pelas maquinhas, como revelou o líder do Governo na Assembleia Legislativa, Ricardo Barbosa.

E para fechar o firo ninguém, mais parecido com Ricardo do que Jair Bolsonaro: truculento, inescrupuloso arrogante, prepotente, autoritário e ditador, porque, o que fez com o seu partido, ao dissolver o diretório estadual tem um nome: golpe, aquilo que resultou na ascensão de Bolsonaro ao Poder.

A entrevista de Ricardo só tem uma coisa a revelar de novo: o medo do ostracismo, que já se avizinha pela queda vertiginosa no conceito popular.

A prova disso são os eventos de Monteiro e sua passagem por Jacumã, nesse final de semana, quando aparece solitário na companhia da prefeita de Conde, Márcia Lucena, da deputada estadual Estela Bezerra, e da mulher.

Ricardo experimenta o gosto da solidão; em Jacumã faltou gente e sobrou cadeiras

A solidão de Ricardo em um ambiente público como o que está registrado nas fotos que ilustram essa matéria, onde nada nem ninguém, apenas seu séquito lhe faz as honras, numa região tão próxima da capital, principal reduto do socialista, deve ter mexido com os nervos da divindade.

Ricardo esteve em Jacumã provavelmente para prestigiar o Festival de Jaaz, mas encontrou ao seu redor apenas cadeiras vazias e a indiferença da pouca assistência que compareceu ao evento.

Em razão disso tudo está explicada a entrevista movida a incenso que reproduzimos abaixo:

“É um ser aculturado pela violência, pelo ódio, pelo desprezo”, diz RC sobre Bolsonaro

O ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB) encerrou oito anos de gestão, em dezembro de 2018, com recorde de 84% de aprovação. Os dados são do Centro Integrado de Pesquisa e Comunicação, instituto sediado em Recife (PE). O efeito de tamanha popularidade foi constatado nas urnas: o engenheiro civil João Azevêdo (PSB), aliado de Coutinho, foi eleito ainda no 1º turno pelos paraibanos, com 58,18% dos votos.

A eleição de Coutinho, em 2010, encerrou um ciclo oligárquico comandado pela família Cunha Lima. Durante o período, o Produto Interno Bruto da Paraíba ultrapassou o PIB do Rio Grande do Norte e se desenvolveu, a olhos vistos, muito mais do que o estado potiguar.

A agência Saiba Mais conversou com Ricardo Coutinho durante o IV Encontro Nacional de Comunicação realizado pelo Instituto Barão de Itararé, em São Paulo. Ele foi um dos convidados a falar sobre a conjuntura política nacional.
Após dois mandatos consecutivos, o ex-governador paraibano preside a Fundação João Mangabeira, entidade sem fins lucrativos criada em 1990 pelo PSB e que tem como finalidades a formação política socialista e a elaboração de políticas públicas.

Nesta entrevista, Ricardo Coutinho fala sobre o consórcio Nordeste, o impacto da derrota das oligarquias na Paraíba, lança um olhar sobre os desafios do governo Fátima Bezerra no Rio Grande do Norte e diz porque decidiu não concorrer a um mandato eletivo após oito anos como gestor:

Saiba Mais: O Consórcio Nordeste muda o patamar da região ?

Ricardo Coutinho: Totalmente. É um grande passo. A gente tinha uma discussão acumulada sobre a necessidade disso desde 2011 e 2012. A eclosão do processo que levou ao golpe (contra a ex-presidenta Dilma Rousseff) fez com que os governos todos meio que se retraíssem acerca desse tema. Mas o Consórcio é um instrumento fundamental para a gestão de uma região que tem uma mesma condição geográfica, uma mesma condição política… porque o Nordeste tem uma identidade, né ? Isso ficou provado nas eleições. E, ao mesmo tempo, ajuda a solucionar determinados problemas que são comuns a todos nós.

Por exemplo…

Por exemplo, porque é que nós temos que esperar pela Força Nacional para resolver ou para fazer frente a alguns problemas na área de Segurança Pública ? Algumas irrupções de problemas em presídios. Porque não, dentro da própria região, um Estado ajudar o outro ? É perfeitamente possível e o Consórcio facilita isso. A questão do Mais Médicos, o governo federal acabou com o atendimento na saúde primária em grande parte das cidades do Nordeste, que ficaram sem médico. E os médicos que haviam eram com experiência, sensibilidade, com formação generalista, que eram os médicos cubanos. Então o Consórcio vai poder repactuar com a OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde) esse convênio para que médicos cubanos voltem a bem atender a população. Compras de material de educação didático e pedagógico… imagine a queda de preço que se dá quando se junta nove estados. Enfim, políticas de turismo. Porque o Nordeste é meio que um e dentro desse um você tem várias especificidades. Eu tenho muito interesse nesse Consórcio, acho que é um passo adiante e defendo para o Nordeste o aprofundamento dessa identidade. Aliás, o Brasil precisa olhar mais para o que está acontecendo no Nordeste.

Pegando o gancho nessa questão da identidade da região, como você avaliou a declaração do Bolsonaro, que se referiu aos nordestinos como “paraíbas” e ainda atacou o governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB) ?

Eu acho que isso é compatível com o grau intelectual dele. O presidente, infelizmente, não consegue ter uma compreensão de civilidade, de sociedade, à altura do cargo de um presidente. Então ele desconhece Raquel de Queiroz, desconhece Patativa do Assaré, desconhece Câmara Cascudo. Ele não sabe de onde veio Augusto dos Anjos, ele não tem ideia de quem seja José Lins do Rêgo. Talvez nunca tenha ouvido uma música do Caetano Veloso, Djavan, Zé Ramalho, Chico César. Então é um cidadão que não tem sensibilidade, nem sabe o que é cultura. É um ser aculturado pela violência, pelo ódio, pelo desprezo. Então ele prefere essas palavras que, claro, isso não nos atinge. Até porque se tirar o Nordeste do Brasil o país perderia sua grande fábrica cultural. E um povo sem cultura não é povo. Então Bolsonaro não sabe o que diz. Infelizmente, fica soltando coisas absurdas a cada dia e ao mesmo tempo o país sendo destruído, perdendo soberania, perdendo patrimônio nacional, perdendo direitos humanos, abrindo tudo para o estrangeiro… e ele brinca de discriminar o próximo. Mas a resposta do Nordeste foi dada, está sendo dada e será dada numa proporção cada vez maior.

“É um ser aculturado pela violência, pelo ódio, pelo desprezo”

Você foi o responsável por tirar do poder a oligarquia Cunha Lima na Paraíba. No Rio Grande do Norte, a eleição da Fátima Bezerra em 2018 também encerra um ciclo oligárquico. Qual o impacto disso para esses estados e como você tem visto o que tem acontecido no RN ?

Vejo com uma expectativa muito grande porque nós somos meio que uma capitania, né ? Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, o chamado Nordeste setentrional. Para você ter uma ideia, em 2010, o Produto Interno Bruto do Rio Grande do Norte era 11% acima do da Paraíba. Hoje o PIB da Paraíba está acima do RN 4 a 5%, ou seja, e o PIB não é um indicador tão fácil de ser modificado. Então isso quer dizer que coisas diferentes aconteceram nesses dois estados. E eu sinto que a governadora Fátima tem uma compreensão da missão dela. Eu estive em dezembro em Natal para participar de um evento na FIERN, debatendo com empresários e com a própria governadora eleita Fátima, e teve uma coisa que eu disse ela e era mais ou menos o seguinte: “Não queira agradar todo mundo. Agradar todo mundo é uma farsa porque a sociedade tem interesses diferentes. Mas seja fiel à sua caminhada. Construa mesmo tendo que pegar dois anos de desgaste, mas construa o caminho para que o Estado fique equilibrado e volte a investir, principalmente nas relações que atingem diretamente a população mais sofrida, mais pobre”. E tenho certeza que a história de Fátima corresponde a isso. Sei que está havendo diálogos importantes, sei que o governo saiu da paralisia e eu espero que, para o bem do Brasil e do Nordeste, o Rio Grande do Norte recupere os seus melhores momentos.

“Não queira agradar todo mundo. Agradar todo mundo é uma farsa porque a sociedade tem interesses diferentes. Mas seja fiel à sua caminhada. Construa mesmo tendo que pegar dois anos de desgaste, mas construa o caminho para que o Estado fique equilibrado e volte a investir, principalmente nas relações que atingem diretamente a população mais sofrida, mais pobre”.

O senhor exerceu dois mandatos como governador da Paraíba, elegeu seu sucessor e quando muita gente esperava que fosse disputar uma cadeira no Senado, optou por deixar a cena política. Por quê ?

Olha, eu tinha diante de mim duas hipóteses: ser candidato ao Senado, com uma boa condição de eleição, mas não teria tanta certeza do meu sucessor. E na dúvida eu preferi apostar na eleição do meu sucessor. E ganhamos a eleição no 1º turno, derrotamos também para o Senado as oligarquias anteriores, derrotamos todos os adversários, consolidamos uma forma de gestão, consolidamos uma expectativa de poder que diferenciou um pouco a Paraíba ao longo desses anos.

Qual foi a marca que a sua gestão deixou na Paraíba ?

Eu acho que uma marca respeitada, fora estradas, adutoras, barragens, escolas integrais, hospitais… mas acho que uma marca que a população reconhece é a coragem do governo, mesmo nas piores condições, ter tido postura, posição. Governo tem que ter postura, político tem que ter postura. Político que não tem postura é um enganador, não serve. E acho que mesmo com os devidos temores que existiam, que a Paraíba era um estado frágil como outros, economicamente falando, acho que a postura política do governo em adotar políticas públicas includentes e se contrapor ao exercício antidemocrático, acho que essa é uma marca bastante reconhecida pela população.
“Político que não tem postura é um enganador, não serve”

No Rio Grande do Norte, historicamente, os governadores sempre tiveram receio de bater de frente com os servidores públicos. A folha do funcionalismo é muito inchada num comparativo com a receita do Estado, por exemplo. Na Paraíba, no entanto, você bateu de frente com o funcionalismo logo no início do governo…

Tem que peitar, amigo. Tem que peitar. Veja bem: 2% ou 3% da sociedade são servidores públicos. Por outro lado, 97% não é e precisa de um hospital numa região que não atende a ninguém. 97% precisa de estradas com boa qualidade. Eu conheço a situação das estradas do Rio Grande do Norte e da Paraíba, aliás, como vocês também conhecem. 97% ou 100% precisa ter escola de qualidade crescente. Hoje, 47% dos estudantes do ensino médio da Paraíba estão em escola de tempo integral, com projeto de vida, com modelo pedagógico diferente, o dia inteiro. Estamos fazendo isso há três anos, há quatro anos. Tentamos começar em 2014, mas parece que é um crime desenvolver política pública em ano de eleição. Mas é fundamental compreender que existe uma prioridade. E essa prioridade não pode ser atividade meio. Eu sou servidor público e falo à vontade sobre isso. Não estou falando de fora. Não tenho um fiteiro, não sou empresário, não sou nada. Eu sou servidor público, mas não acho que o serviço público possa inviabilizar a condição de vida da grande maioria da população. Não é correto isso. Então acho que tudo tem um limite. E particularmente, dentro do serviço público, você tem uns que tem uma condição bem maior e outros têm uma condição menor. E os menores têm que ser tratados de forma diferente. Em oito anos eu concedi, sem guerra, 232% de reajuste na remuneração dos professores em sala de aula. A inflação no período foi de 50%, ou seja, quase cinco vezes mais. Tiremos o magistério de uma situação terrível. Agora tinha coisa que era inegociável. Ao mesmo tempo eu não podia olhar para a superestrutura de poderes e achar que eles deveriam continuar na mesma blindagem. Não é possível. Então era preciso dizer: “rapaz, olha, era muito bom que tivesse dinheiro, mas não tem. Então vamos parar aqui para eu poder olhar para quem mais precisa”.
“Não acho que o serviço público possa inviabilizar a condição de vida da grande maioria da população”

Mas houve reações…

Talvez seja por isso que eu pague um preço muito alto hoje, sem mandato na Paraíba, em relação a segmentos da imprensa que viram diminuir as verbas… em relação a blogs que não tem o mínimo de condescendência moral, são montados para destruir reputações… mas acho que eu faria tudo de novo. Tudo o que eu fiz nesse sentido eu faria novamente porque todos os poderes continuam a funcionar, o Estado está muito melhor do que era, sem comparação, somos o 1º lugar em competitividade social em toda a região. E quem está dizendo não eu, mas o Centro de Liderança Pública, uma entidade empresarial aqui de São Paulo. Enfim, é preciso ter coragem porque as corporações também atrapalham muito.

A imprensa divulgou que o PSB estaria conversando com o Flávio Dino para trazê-lo para o Partido de olho numa eventual candidatura à presidência da República em 2022. Procede essa informação ?

Olha, eu acho que… tem que conversar com o Flávio Dino. Eu não respondo esse tipo de pergunta, não (risos).

As informações são da Agência Saiba Mais.

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